Carne bovina manterá a alta nos preços em 2016 5O preço da carne bovina que teve registro de altas seguidas ao longo deste ano, chegando, para alguns tipos de corte, a 21% de correção, deve manter a trajetória ascendente no próximo ano.
A avaliação é do gerente de projetos da Acrimat (Associação dos Criadores de Mato Grosso), Fábio Silva, que aponta a escassez de demanda, que eleva o volume de exportação, variante dos preços nos próximos meses. "Há análises da Acrimat apontando aumento da produção no próximo ano, mas é algo muito pequeno. Isso porque há redução de demanda para compra de carne, e como o produtor precisar manter o seu negócio em atividade, aumenta o percentual por exportação. E conta a alta do dólar, a nossa carne [de Mato Grosso] torna-se mais competitiva", explica.
Segundo ele, hoje, 75% da produção da carne bovina fica no país, outros 25% são comercializados com outros países, como a Venezuela, Rússia e China, os principais mercados de clientes de Mato Grosso. Porém, esta parcela já fora de 80% anteriormente e em 2016 poderá chegar a 70%. "Em 2014, nós exportamos mais de 387 mil toneladas de carne bovina; foi o segundo melhor ano para produção de Mato Grosso, ultrapassando a faixa de 1 bilhão de dólares de negociação. E também vamos terminar este ano com volume acima de 1 bilhão de dólares", diz Silva.
O gerente diz ainda que o registro no segundo semestre do ano na utilização da capacidade produtiva de frigoríficos em Mato Grosso foi devido a uma readaptação do setor ao desaquecimento da demanda que vem registrado ao longo do ano, por conta da crise econômica do país - a desvalorização do salário, inflação alta e restrição do crédito no mercado. "As pessoas estão comprando outros alimentos para substituir a carne que consumiam. Elas olham o preço da carne e pensam: ‘isso dá para eu comprar agora'''.
Abates recuam
O gerente de projetos da Acrimat, Fábio Silva, diz que a formação do preço da carne bovina é mais influenciada pelo varejo do que por fatores da produção. Diz ele que a "temperatura" de consumo é percebida com mais precisão por intermediários de comercialização da carne entre o produtor e consumidor final. "Eles têm um controle maior do preço da carne, eles sabem que tipo de carne o cliente vai comprar, quantos quilos vão comprar e quando comprar. Então, eles tem maior percepção da demanda. Se carne está cara na gôndola do mercado é por variação do varejo", explica. Silva aponta ainda a interrupção de engorda de bovinos outro fator de redução de produto no mercado. "Houve redução no trabalho de engorda de bovinos em 2013. Esses animais estariam prontos para abate neste ano, mas não ocorreu o processo de engorda".
Conforme relatório do Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Aplicada), o volume de abate caiu 15% neste ano em Mato Grosso na comparação com 2014. Até o fim do mês passado, 4,29 milhões de cabeças tinham sido abatidas. O Imea aponta ainda o recorde de abate de fêmeas em 2013 como fator de limitação de oferta e encarecimento da boi gordo, que subiu 26,6%; o abate de fêmeas caiu 21,5%. Já a média do quilo da carne no varejo ficou em R$ 20,27 em Mato Grosso, 17,4% acima do preço médio no ano passado.
Fonte: Folha do Estado