As exportações brasileiras de carne bovina devem crescer entre 5% e 7% neste ano, amparadas por uma elevada demanda pela proteína animal no mercado internacional, principalmente nos EUA, estima a consultoria Agrifatto.
“Estamos vendo sinais claros de que está acontecendo uma ‘super demanda’ novamente, devido à recuperação norte-americana, o que mexe com a economia global como um todo”, avalia a sócia diretora da consultoria, Lygia Pimentel. Segundo ela, esse cenário é raro, dura entre dois e três anos e ocorreu pela última vez entre 2009 e 2012.
Caso a perspectiva se concretize, os embarques devem somar até 1,6 milhão de toneladas, ante 1,5 milhão de toneladas embarcadas no ano passado. Em 2017, a receita com as exportações de carne bovina somou US$ 6,2 bilhões. Para atender a essa demanda, Lygia projeta um aumento de mais de 10% para os abates, que encerraram o ano passado com alta de 3,7%, para 30,8 milhões de cabeças.
Nesta quarta-feira (28), em teleconferência com analistas, o CEO do Marfrig, Martin Secco, afirmou que a companhia aposta no crescimento das economias globais em 2018, o que vem acompanhado de uma maior demanda pela proteína animal. O frigorífico encerrou 2017 com prejuízo de R$ 461 milhões, 33% menor que em 2016.
Secco também espera que a reabertura de mercados como dos Estados Unidos e da Rússia para a carne bovina brasileira estimule os negócios. “Embora a Rússia tenha uma baixa participação [como destino de exportações] na Marfrig, é um mercado importante para outros frigoríficos, o que nos abre espaço.”
Mercado interno
Se a situação parece promissora no mercado externo, no interno tende a permanecer desafiadora. A suspensão de exportações de carne de frango a partir de dez unidades de abate da BRF – um dos principais players do mercado – após a terceira etapa da Operação Carne Fraca ampliou a oferta de cortes de aves nas gôndolas. “A competição no mercado brasileiro está crescendo por fatores não previstos, especialmente em proteínas concorrentes”, reconheceu Secco.
A Marfrig ampliou a capacidade de abate no ano passado para 300 mil cabeças por mês em um cenário de perspectiva de aumento de demanda no mercado interno, diante da melhora da economia brasileira em 2018. “Vamos focar em posicionar a empresa como líder em qualidade”, disse Secco, ao comentar a estratégia para ampliar as vendas.
Na avaliação de Lygia, a recuperação lenta da economia brasileira – que, segundo ela, deve crescer até 3,5%, acima das previsões do Banco Central – e a oferta maior de frango deixam o mercado volátil.
No segundo semestre, porém, ela espera uma melhora, com a entrada de recursos na economia devido às eleições. “A indústria de aves se reajusta muito rápido e teremos uma alta de preços das carnes devido à entressafra”, acrescenta.
Para o diretor da consultoria Informa FNP, José Vicente Ferraz, embora a economia tenda a crescer neste ano, será um incremento modesto e sobre uma base pequena. “Para haver aumento de consumo, é preciso ter aumento de renda e tenho dúvidas se isso vai acontecer”, opina.
Ele argumenta que as empresas podem retomar volumes de produção, o que não necessariamente vai gerar mais emprego. “Os investimentos dificilmente vão se recuperar antes de meados de 2019”, observa.
Fonte: DCI