Após anunciar a suspensão dos contratos com os frigoríficos apontados pelo Ministério Público Federal (MPF) como responsáveis pelo desmatamento da Amazônia, o Pão de Açúcar se prepara para ampliar seu plantel de vacas inseminadas de 47 mil para 120 mil animais e expandir o segmento de carnes da Taeq, sua marca própria de alimentos. No programa, a carne é desossada pelo pecuarista e fracionada pela própria empresa.
O lançamento das carnes produzidas com o acompanhamento da empresa foi feito no ano passado, mas o projeto junto aos fornecedores é mais antigo. De acordo com Fabiana Farah, consultora técnica de carnes e aves do Grupo Pão de Açúcar, a parceria com pecuaristas, sem intermediários, começou em 2006 com apenas sete criadores. Hoje o número já é de 47 e a expectativa é a de manter o crescimento na mesma proporção. "É um bom momento para agregar novos pecuaristas", afirma Farah. "Os pecuaristas estão mais seguros para fazer essa parceria", completou. Atualmente, o plantel do Pão de Açúcar está concentrado em São Paulo, Mato Grosso e Goiás. A consultora salientou que, além de poder colocar seu produto diretamente na gôndola do supermercado, por se tratar de produtos de uma linha light, a companhia adquire a carcaça do animal sem gordura, o que reduz o custo para o produtor.
No período anterior ao lançamento desses produtos, o Pão de Açúcar se estruturou para reduzir a participação dos frigoríficos como intermediadores e investiu na sustentabilidade das fazendas prospectadas. As carnes são produzidas seguindo um padrão de qualidade, que começa na seleção de fazendas até o processo de produção, incluindo o acompanhamento da inseminação, do nascimento, dos tratos com o animal, das vacinas, da alimentação e da produção dos cortes. Outro destaque é que toda a cadeia produtiva é orientada para a sustentabilidade econômica, social e ambiental, demanda em voga nesse momento.
Luiz Carlos Castelo, produtor do Mato Grosso, foi um dos primeiros a aderir ao programa e irá realizar o primeiro abate na próxima terça-feira. "Nessa altura do campeonato é muito bom", disse ele se referindo à caçada aos frigoríficos promovida pelo MPF e pela Polícia Federal desde a última semana.
Para Castelo, o custo adicional para confinar nos últimos dois meses antes do abate, exigência contratual, é baixo quando comparado ao benefício de estar associado à um produto sustentável e não precisar vender para os frigoríficos no momento atual.
Veículo: DCI