A inflação em Santos quase que dobrou em agosto, comparada ao mês anterior. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), medido pelo Núcleo de Estudos Sócio-Econômicos (Nese), da Unisanta, registrou alta de 0,76% nos preços, contra 0,39% apurado em julho. O levantamento identificou que o grande responsável pelo mau resultado foi o vestuário, que subiu 8% em agosto.
O desempenho negativo do mês passado prejudicou o cumprimento da meta estipulada pelo Governo Federal para a inflação de todo o ano de 2008. De acordo com o coordenador de pesquisas do Nese, economista Jorge Manuel de Souza Ferreira, o plano era fechar a inflação acumulada entre 4,5% e 6,5%. Em Santos, com a alta de agosto, o acumulado anual já soma 6,2%, restando ainda quatro meses para fechar a contabilidade. "Já está correndo o risco de ultrapassar", alertou Ferreira.
Entretanto, o economista enxerga um cenário propício à desaceleração da inflação daqui para frente e atribui a projeção a ações do Governo. "Uma inflação próxima de 7% é um desastre. O Governo deverá tomar providências", disse. "Se somarmos as medidas de aumento dos juros, incentivo da poupança, além do cenário externo mostrando sinais de desaquecimento, é um cenário favorável a uma inflação menor. Se estourar o limite de 6,5%, não vai ser por muito", previu.
De qualquer forma, Ferreira acredita que "medidas mais fortes" neste sentido só virão após as eleições. "Por enquanto o assunto vai ser levado em banho-maria".
ALIMENTOS REAGEM
Jorge Manuel de Souza Ferreira reconheceu que a alta da inflação como a registrada em agosto é algo incomum. Ao eleger o vestuário como o grande culpado, ele atribuiu o fato à renovação dos estoques com vistas à mudança de estação. "Pode ser que no mês seguinte oudaquidois meses recue novamente, por falta de consumo".
O economista ainda observou que os resultados de agosto só não foram piores porque a alimentação, que colaborou bastante para o mau desempenho do acumulado do ano (12,3%), recuou. Segundo o relatório do Nese, pela primeira vez em 2008 o item apresentou deflação, de 0,24%. O tomate é a vedete deste novo momento, com redução de 38%. Nem mesmo o acréscimo de 1,83% das frutas em geral prejudicou.
Dois outros fenômenos ainda foram destacados pelo coordenador do Nese. Um deles é transportes, que inflacionou 0,68% em agosto (apesar de ter se recuperado em relação a julho, quando atingiu 0,77%), puxado pela alta do álcool, que subiu 2,12%. No ano, o custo com transportes já aumentou 6,24%.
O grupo habitação também subiu em agosto, 0,45%, contra estabilidade apresentada em julho. Ferreira atribuiu o fato à telefonia, cujas contas, em média, ficaram 5,36% mais caras.
CULTURA CUSTOU MAIS
A alta de 2,1% do subgrupo recreação e cultura prejudicou o grupo despesas pessoais, que registrou inflação de 1% no mês passado. Shows (40,3%) e parques de diversão (25%) pesaram mais na balança. O gasto com manicure também aumentou no mês, 2,42% em média. O quesito saúde também subiu em agosto, 0,28%.
Veículo: A Tribuna de Santos