O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se prepara para receber está semana os líderes de Rússia, Índia e China para reunião do grupo conhecido pela sigla BRIC. O encontro, programado para acontecer em Brasília, entre os dias 16 e 18 deste mês, tem como objetivo o crescente papel dos países emergentes no combate efetivo da crise financeira internacional e a ajuda aos países mais pobres ou com problemas mais graves. Além disso, deve ser apresentada também a experiência brasileira com comércio em moeda local, que elimina o dólar das relações comerciais bilaterais.
Um dos países que devem receber maior atenção do governo brasileiro durante a vista é a Rússia, com o qual possui a menor relação bilateral na comparação com Índia e China, tanto em valor quanto em quantidade de produtos e serviços comercializados.
De acordo com os dados do Ministério Do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), no primeiro bimestre de 2008 foram exportados aos russos US$ 495,175 milhões, resultando numa corrente comercial (soma das exportações e importações) de US$ 869,904 milhões. Enquanto, em 2010, as vendas à Rússia atingiram nos dois primeiros meses US$ 527,434 milhões e apontaram uma corrente no valor de US$ 753,201 milhões.
Para o professor José Amato Balian, da ESPM, o relacionamento comercial entre o Brasil e a Rússia tem muito potencial de crescimento, e a visita deve estreitar os laços entre o setor privado dos dois países, que acompanha a delegação russa.
"O comércio do Brasil com a Rússia poderia ter um nível muito maior do que o que existe. Principalmente pelas semelhanças entre os dois países. Temos grupos de empresários envolvidos, podem sair negócios, mas nada que seja muito sobressalente", ele afirma ao completar: "as reuniões serão um bom caminho, podem abrir caminhos, crescer. Podemos elevar em muito o comércio no próximo ano, minha projeção é de 30%, o que seria muito razoável. Os negócios não são rápidos, agora temos que focar nos produtos manufaturados".
Os principais produtos exportados pelo Brasil no bimestre de 2010 foram açúcar bruto, carne bovina, que por muito tempo teve sua entrada bloqueada pelo governo russo, e café solúvel.
Encontro do BRIC
Os quatro países querem ter maior influência no modelo para o mercado financeiro global que vem surgindo após a crise financeira e pretendem usar o encontro para buscar pontos em comum e um papel conjunto a cumprir nas negociações do G-20 , no qual será redigido um documento que aponta caminhos para evitar a repetição de colapso de bancos, empresas e economias.
Para Balian, o encontro dos líderes do BRIC tem um caráter mais político do que econômico.
"A vinda dos líderes dos outros três países que compõem o BRIC tem mais uma conotação política do que econômica, uma vez que há uma procura por ascensão no cenário mundial político, principalmente da China e do Brasil."
Além de terem tomado posição de destaque durante a crise mundial, os países têm a seu favor as projeções de Jim O'Neil (criador da expressão BRIC).
O'Neil afirmou que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deve dobrar uma vez e meia até 2030. Para que a projeção se concretize, o País deverá ter um crescimento médio de 4% ao ano até 2030, o que fará o País marcar a quinta posição dentro da economia mundial. Em relação à Rússia, estima-se que ela possa ser a sexta maior economia mundial em 2050. Nesse caso, as projeções apontam que já em 2018 o PIB russo ultrapassará o italiano. Em 2024, será maior que o da França, e até 2028 a Rússia ultrapassará o Reino Unido e a Alemanha.
Veículo: DCI