Indústria cresce 14,6% e puxa o PIB para cima

Leia em 6min 10s

A economia brasileira cresceu 9% no primeiro trimestre deste ano, frente ao mesmo período do ano passado, maior alta da série histórica iniciada em 1995. "Especificamente neste trimestre, o crescimento do PIB [Produto Interno Bruto] no Brasil só não foi mais alto do que o da China, que cresceu 11,9% no período", avaliou a gerente de contas trimestrais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Rebeca Palis.

 

No entanto, a base de comparação é baixa, já que em 2009 a economia brasileira sofreu o maior impacto da crise financeira internacional, que eclodiu em outubro de 2008.

 

A contribuição para o bom desempenho da economia veio da expansão de 14,6% da indústria em comparação com os primeiros três meses do ano passado, seguido por altas de serviços (5,9%) e agropecuária (5,1%). Ainda nessa comparação, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) - principalmente com o crescimento da produção interna de máquinas e equipamentos e construção civil (14,9%) - teve a maior alta desde o início da série, de 26%.

 

Com relação ao quarto trimestre de 2009, o avanço do PIB foi de 2,7%, chegando a R$ 826,4 bilhões. Nesta comparação, o dado final foi puxado pela indústria, cuja alta foi de 4,2%, seguida pela agropecuária (alta de 2,7%) e por serviços, que também apresentou elevação de 1,9%, dentro do período comparado. A taxa de investimento neste quadro subiu para 18% e a taxa de poupança bruta atingiu 15,8%.

 

Ao comentar os resultados, a gerente do IBGE observou que em uma lista de 17 países, o PIB do Brasil no primeiro trimestre ante o quarto trimestre de 2009 superou as taxas de crescimento (ou de queda na economia) para o mesmo período do Canadá (1,5%); Suécia (1,4%); Japão (1,2%); Portugal (1%); Estados Unidos (0,8%); Itália (0,5%); Suíça (0,4%); Reino Unido (0,3%); Alemanha (0,2%); União Europeia (0,2%); países da zona do euro (0,2%); Espanha (0,1%); França (0,1%); México (retração de 0,4%); Grécia (recuo de 0,8%); e Chile (queda de 1,5%).

 

Demanda

 

Segundo o relatório do IBGE, dentre os componentes da demanda interna, a despesa do consumo das famílias cresceu 9,3%, no primeiro trimestre, sendo o vigésimo sexto avanço consecutivo nessa comparação e voltando ao mesmo patamar de crescimento do terceiro trimestre de 2008. Já a despesa de consumo da administração pública expandiu 2% em relação ao mesmo período do ano passado.

 

O resultado não foi ainda maior porque o setor externo não apresentou equilíbrio. As exportações de bens e serviços cresceram 14,5% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, enquanto as importações avançaram 39,5%. "Essa evolução das importações representa forte descompasso, o que reflete desequilíbrios que podem comprometer gravemente seu desempenho no futuro próximo", diz o Iedi.

 

Análises

 

"O resultado do PIB no primeiro trimestre estava em linha com as minhas expectativas. Mas o que mais surpreendeu foram as revisões para cima dos últimos trimestres", afirma o economista da Um Investimentos, Eduardo Otero. "Desta forma, acredito que o fechamento do primeiro trimestre vai ser revisado para cima também, isto porque o resultado da produção industrial da semana passada não foi colocado neste dado do PIB", acrescenta.

 

O IBGE revisou de 2% para 2,3% a expansão do PIB no quarto trimestre ante o terceiro trimestre do ano passado e de 1,7% para 2,2% o crescimento observado no terceiro trimestre do ano passado ante o segundo.

 

Otero projeta avanço do PIB a 7% neste ano. "Porém, tudo vai depender do cenário internacional, já que os países europeus estão reduzindo gastos, o que significa menos importações de produtos brasileiros e menor investimento no País", comenta.

 

Para o professor do Mackenzie, Pedro Raffy, os números do PIB do primeiro trimestre não surpreendem "à medida que a base de comparação é muito baixa". "Em compensação, o período foi atípico, já que a taxa de juros estava baixa, ao mesmo tempo em que havia uma política fiscal expansionista. No decorrer do ano, este cenário vai ser alterado", diz.

 

De acordo com a análise do Iedi, "os dados mostram que, nos últimos trimestres, a atividade econômica caminhou em ritmo forte e, devido a isso, foi capaz de deixar para trás os efeitos negativos da crise internacional que atingiram o País. Os resultados não corroboram as análises que apontavam para um crescimento do PIB de até 12% no primeiro trimestre deste ano com relação ao mesmo trimestre de 2009, ou seja, eles relativizam o diagnóstico de superaquecimento", diz o texto.

 

Outro ponto a ser considerado, de acordo com o economista da Um Investimentos e com Raffy, é de que o resultado do IBGE não deve mudar a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre a taxa básica de juros (Selic) a ser divulgada hoje. A grande maioria dos economistas, prevê alta de 0,75 ponto percentual da Selic.

 

O anúncio de que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 9% no primeiro trimestre de 2010, na comparação com o mesmo período do ano passado, deve reforçar as justificativas do Banco Central para elevar hoje as taxas básicas de juros. O mercado continua apostando em uma alta de 0,75 ponto percentual, o que elevaria a Selic a 10,25% ao ano.

 

O resultado do PIB brasileiro foi um dos melhores do mundo no período entre janeiro e março. "Especificamente neste trimestre, o crescimento do PIB no Brasil só não foi mais alto do que o da China, que cresceu 11,9% no período", avaliou a gerente de contas trimestrais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Rebeca Palis.

 

A contribuição para o bom desempenho da economia veio da expansão de 14,6% da indústria em comparação com os primeiros três meses do ano passado, seguido por altas de serviços (5,9%) e de agropecuária (5,1%).

 

Ainda nessa comparação, a Formação Bruta de Capital Fixo (investimentos do setor produtivo) - principalmente com o crescimento da produção interna de máquinas e equipamentos e da construção civil (14,9%) - teve a maior alta desde o início da série, de 26%.

 

A relação do volume de investimentos em relação ao PIB chegou a 18%, contra 16,3% ao fim do primeiro trimestre de 2009.

 

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, comemorou o resultado do primeiro trimestre, que para ele representou o auge do crescimento. "Não podemos esquecer que a base de comparação foi baixa. A indústria teve um crescimento negativo em 2009", lembrou Mantega.

 

O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, disse que o governo terá de refazer as contas em relação às projeções de crescimento da economia em 2010, que oficialmente são de 5,5%. Bernardo afirmou que "dificilmente" o País terá um crescimento menor que 6% este ano.

 

"Vamos crescer 6%, com certeza. Teremos de refazer as contas", garantiu.

 

Veículo: DCI


Veja também

Crescimento do PIB reforça tendência de alta dos juros

A economia brasileira cresceu 9% no primeiro trimestre deste ano, frente ao mesmo período do ano passado, maior a...

Veja mais
Custo de cesta básica cai em 12 de 17 capitais pesquisadas

O preço da cesta básica caiu em 12 das 17 capitais pesquisadas pelo Departamento Intersindical de Estat&ia...

Veja mais
Produtores rurais terão R$ 100 bi na próxima safra

Somado ao crédito para agricultura familiar, total será de R$ 116 bi; parte do dinheiro irá para su...

Veja mais
Custo da cesta básica cai em 12 capitais

O preço da cesta básica caiu em 12 das 17 capitais pesquisadas pelo Dieese (Departamento Intersindical de ...

Veja mais
Lideranças esperavam mais do Plano de Safra

Política agrícola: Setor aprova medidas anunciadas, mas reclama de logística e limitaç&otild...

Veja mais
País não cresce tão rápido desde o Real

Projeção média do mercado para PIB no primeiro trimestre é de 2,5% (10,2% anualizado), com s...

Veja mais
Economia cresce 9% no 1º tri e tem expansão anual recorde, diz IBGE

Em ritmo mais forte de expansão após a crise, a economia brasileira cresceu 2,7% no primeiro trimestre ant...

Veja mais
Cesta básica fica mais barata em 12 das 17 capitais em maio

O valor médio da cesta básica diminuiu em maio, na comparação com abril, em 12 das 17 capita...

Veja mais
Guerra fiscal entre os estados já prejudica as empresas

Muitas empresas estão sendo prejudicadas pela disputa entre estados para atrair investimentos e a instalaç...

Veja mais