Queda de abril no comércio varejista foi provisória

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Em abril, em relação ao mês anterior, o comércio varejista apresentou queda de 3% no conceito restrito e queda de 4,7% no conceito ampliado, que inclui veículos e material de construção. Não se deve interpretar essas quedas como um sinal de recuo duradouro do consumo das famílias.

 

Há três fatos que precisam ser levados em conta: a Páscoa veio mais cedo que no ano passado; no mês de março houve um forte aumento das vendas (2,1%, dados corrigidos); e também o fim do período de incentivos fiscais, que influiu no volume das vendas de veículos, que haviam aumentado 12,7% em março, mas caíram 11,7% em abril.

 

Ao mesmo tempo que o volume das vendas caía 3%, registrou-se um crescimento da receita nominal de o,3%. Foi a maior diferença registrada entre a evolução do volume e da receita. Essa diferença, em grande parte, pode ser explicada pela mudança dos bens adquiridos: de fato, o volume das vendas de veículos caiu 11,7% e o faturamento, 12,2%. Mas também reflete os aumentos de preços dos bens adquiridos.

 

Examinando as vendas no varejo por grupos de atividades, verifica-se que as vendas dos supermercados de produtos alimentícios, que pesam mais nas estatísticas do comércio (31,7% para o comércio varejista não ampliado), apresentaram queda de 0,7% em volume e de 0,4% no faturamento, refletindo a mudança da data da Páscoa.

 

Dois setores apenas apresentaram aumento do volume das vendas (tecidos e vestuário e bens de uso pessoal) que parece resultar da antecipação das compras para o Dia das Mães.

 

A evolução das vendas no varejo, que foi acompanhada de aumento da inadimplência, pode ser uma reação a uma elevação dos preços, mas não permite pensar que o comércio varejista ampliado - que até abril cresceu 14,8% - esteja entrando em período de retração.

 

Os indicadores antecipados da indústria e as medidas adotadas em relação à renda da população permitem prever que o comércio varejista pode ainda crescer nos próximos meses. A produção de carros, que havia recuado 7,1% em abril, cresceu 3,3% em maio; o consumo de energia elétrica, de uma queda de 0,8%, passou para um aumento de 1% um mês depois; a produção de papel ondulado, de abril para maio, passou de uma queda de 0,7% para uma elevação de 3,6%. Paralelamente, os aumentos do funcionalismo e a perspectiva (agora certeza) da elevação das aposentadorias vão contribuir para nova onda de compras pelas famílias, apesar da elevação da taxa de juros.

 


Veículo: O Estado de S.Paulo


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