O Índice de Preços ao Consumidor - Classe 1 (IPC-C1), que mede a inflação para famílias com renda de 1 a 2,5 mínimos, deverá subir nos próximos meses, de acordo com projeções realizadas pela Fundação Getulio Vargas (FGV). A queda no indicador, de 0,38% no mês de junho, não deve se repetir, acredita o economista da FGV, André Braz, devido à provável redução de depreciação dos gêneros alimentícios.
A alimentação foi a principal contribuição para a queda do índice no mês. Entre as maiores influências negativas, houve somente gêneros alimentícios, que somam 20 itens, dos quais oito registraram queda. Devido ao peso de cada um, mais de 60% dos gêneros alimentícios perderam preço em junho.
O principal destaque foi para arroz e feijão, que teve baixa de 0,22%. "A queda vai se ampliar no próximo mês. O feijão carioca subiu muito no primeiro semestre e não vai se sustentar, por isso vai cair mais. A oferta dele vem se normalizando. Mas não há como garantir que outros gêneros alimentícios mantenham a tendência de queda, como os laticínios, já que a produção de leite acabou de entrar na entressafra", disse Braz.
"Acho que o IPC-C1 vai ficar mais alto. Ainda que haja espaço para recuos, os alimentos ainda vão ficar mais caros", disse André. Se retirados os alimentos, o índice medido pelo núcleo teria sido positivo em junho, em 0,27%. "É possível verificar que ainda há pressão de alta", acredita o economista. Em maio, a alta verificada de 0,18% para o IPC-C1 saltaria para 0,45% se retirado o grupo de alimentos.
Em 12 meses até junho, o índice recuou para 5,49% ante os 6,04% dos 12 meses imediatamente anteriores. Apesar da expectativa de alta mensal, a taxa de julho deste ano deve permanecer mais baixa do que a de julho do ano passado, de 0,24%. Portanto, o acumulado de 12 meses ainda deve apresentar queda desaceleração.
No semestre, o índice aumentou 4,78%, superior aos 3,64% registrados no IPC Brasil. O que se destacou para pressionar essa variação foi o grupo de alimentação, que respondeu por mais de 60%. Transporte urbano, principal meio de transporte da população de baixa renda, veio na sequência, após os reajustes das tarifas.
Outra fonte de pressão veio da habitação, com 9% de alta. Esse segmento avançou devido a aumentos das contas de luz, gás e telefone, aluguel e condomínio e material de limpeza.
Isoladamente, o item de maior relevância no semestre foi o reajuste da tarifa de ônibus urbano, que subiu 8,81%. Em segundo lugar, apareceu o leite longa vida, com alta de 25,11%, seguido pelo feijão carioquinha (63,65%), pela batata-inglesa (20,49%) e pelo açúcar cristal (20,57%).
Houve também reduções em itens que limitaram o avanço do IPC-C1: cenoura (-28,87%), óleo de soja (-9,31%), maracujá (-26,63%), limão (-8,47%) e maçã nacional (-26,27%). (JE)
Veículo: Valor Econômico