Desaceleração da economia já começou

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Números mais modestos no varejo e na indústria em junho revelam que "crescimento chinês" já ficou para trás

 

Analistas culpam fim de incentivos fiscais e alta no preço de alimentos; aumento nos juros básicos pode ser menor

 

Indicadores importantes referentes a maio e junho deste ano trazem números abaixo das expectativas de mercado e revelam sinais de desaceleração da economia brasileira.

 

A recente tendência mostra que os dias de crescimento econômico "chinês" ficaram para trás e contribuiu para uma redução na expectativa do mercado de aumento dos juros básicos, atualmente em 10,25%.

 

Após 16 meses de crescimento, o nível de atividade da economia ficou estável em maio ante abril, segundo o Índice de Atividade do BC (leia texto na pág. B3).
"O Brasil deixou de crescer a um ritmo chinês e voltou a se expandir a um ritmo brasileiro", diz Bráulio Borges, economista-chefe da LCA Consultores.

 

Indicador calculado pela LCA que tenta revelar o comportamento mensal do PIB, levando em conta indicadores diários e semanais, também aponta leves retrações ou estagnação da atividade em relação ao mês anterior desde abril após sete meses consecutivos de expansão.

 

Dados divulgados anteontem pelo IBGE mostraram, por exemplo, que, depois de contração de 3,1% em abril em relação a março, o volume de vendas no comércio avançou 1,4% (descontados efeitos sazonais) em maio.
Essa recuperação em maio foi considerada relativamente fraca ante uma expectativa de expansão de 1,8% pela média do mercado.

 

Segundo dado divulgado recentemente pela FGV (Fundação Getulio Vargas), o percentual de empresas do setor de serviços que esperam uma melhoria na evolução dos negócios nos próximos seis meses caiu de 53% em maio para 49% em junho.

 

O fluxo de veículos pesados nas estradas com pedágio se contraiu em 2,5% em junho com relação a maio (descontados efeitos sazonais), segundo a ABCR (Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias).

 

Esse foi o pior resultado para o indicador na base de comparação mensal desde março de 2008.

 

As vendas de papelão ondulado (que, assim como o fluxo de veículos pesados, é importante indicador antecedente da produção industrial) também recuaram -2,1% (descontados efeitos sazonais segundo cálculo da LCA) em junho ante maio.

 

CAUSAS

 

Segundo Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, as causas da desaceleração econômica vão do fim de incentivos fiscais a uma forte base de comparação dado o crescimento robusto do primeiro trimestre.

 

Ele cita ainda a elevação dos preços de alimentos, que abalou as vendas no setor, e o "efeito Copa do Mundo", que prejudicou vários setores com as paralisações nos dias de jogos do Brasil.

 


Veículo: Folha de S.Paulo


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