Os negócios da China deixaram de ser bons para os estrangeiros. Hoje, sem dúvida, eles são não apenas bons, mas ótimos, porém, para os chineses. Eles copiam tudo e todos. Imitavam, há cerca de 20 anos passados. Gradativamente, os chineses foram aprimorando suas cópias e, atualmente, nada há no mundo que não seja ou possa ser feito em Shangai, Pequim e outras cidades menos famosas. Mas temos que nos cuidar, justamente pela facilidade com que são burladas normas da Organização Mundial do Comércio (OMC). E se as firulas de exportação direta não derem certo, usam países periféricos, e os produtos chegam aqui da mesma maneira. E o pior, sem pagar impostos. Ingenuamente, o Brasil reconheceu a China como uma economia de mercado, sem pedir algo em troca, no comércio bilateral. Estamos perdendo. Não surpreende, então, que exista uma invasão de produtos subfaturados da China e que prejudica o emprego no País.
A Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq), alerta os candidatos a presidente da República sobre a questão. Com o real sobrevalorizado pelo menos 30%, segundo o Banco Mundial, é fácil vender para o Brasil. Synésio Batista da Costa, presidente de Abrinq, alerta para o desemprego no setor, por conta da concorrência predatória. Há dez anos, o setor dos brinquedos empregava 40 mil pessoas e, agora, apesar de todo o crescimento da demanda, caiu para 23 mil. Os produtos chineses entram no Brasil subfaturados porque existe um subcálculo nos preços, na quantidade e no peso dos produtos, que são elementos para avaliar o imposto. A China subfatura tudo isso, entra no mercado brasileiro e nós perdemos empregos. Mas as exportações de calçados brasileiros avançaram 15,2% no acumulado de janeiro a julho em comparação ao mesmo período de 2009, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados).
A quantidade exportada atingiu 88,981 milhões de pares de sapatos. As vendas ao exterior somaram US$ 900,8 milhões, um aumento de 14,4%. O crescimento das exportações foi puxado pelos embarques aos Estados Unidos, que avançaram no período 28,2%, para 23,586 milhões de pares. Já as importações acumulam entre janeiro e julho retração de 17,1%, com destaque para queda de 59,1% das compras de pares de sapatos originários da China, para 7,1 milhões de pares. Desde setembro do ano passado, as importações chinesas de calçados têm uma tarifa antidumping, hoje de US$ 13,85. No entanto, as compras externas de sapatos no período de outros países asiáticos como o Vietnã subiram 126%, ou 4,04 milhões, da Indonésia 77,4%, para 1,6 milhão, da Malásia 24.508%, para 2,9 milhões, e de Taiwan 1.745%, para 203 mil. Segundo especialistas, é a prova que a China está usando outros países para enviar calçados ao Brasil, sem pagar a sobretaxa. Por isso, ela será ampliada para toda a região. A Câmara de Comércio Exterior (Camex) aprovou a resolução que irá regulamentar e permitir a extensão de medidas antidumping ou compensatórias às importações de calçados, quando fique comprovada a triangulação, para fugir da sobretaxa. Negócio da China é bom. Mas cuidado com a gente de olhinhos fechados, eles têm séculos a mais de experiência comercial que nós.
Veículo: Jornal do Comércio - RS