Indústria faz corrida para conquistar o mercado chinês

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A valorização da moeda chinesa representa uma boa oportunidade para que o Brasil aumente o peso da participação dos produtos manufaturados e semimanufaturados nas exportações ao país asiático, afirmou o secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), Ivan Ramalho. Com o foco nesse mercado, agências de fomento à exportação, entidades do setor de comércio exterior realizam missões empresariais para ampliar as negociações bilaterais.

 

"Se houver de fato a flexibilização, o produto brasileiro pode se tornar mais competitivo. Mas acredito que não será nada a curto e médio prazo, e não será nada significativo para influenciar o comércio bilateral. O importante agora é precisar de uma maior penetração dos produtos industrializados na China, quem sabe o câmbio flexibilizado não ajude", declarou Ramalho.

 

"Os empresários solicitaram à Amcham [Câmara Americana de Comércio] que tornasse possível uma missão compradora, ou seja, que facilitasse o contato entre as empresas do País e distribuidores chineses, para que os polos industriais se tornem mais modernos e competitivos. Assim no futuro temos os contatos e podemos exportar", declarou a gerente de Comércio Exterior da entidade, Camila Moura.

 

O secretário afirmou ainda que o comércio bilateral entre o Brasil e a China deve voltar aos patamares de 2008, ou seja, vai crescer aproximadamente 40%, e deve continuar crescendo ainda mais nos próximos anos.

 

Para o presidente do Banco da China no Brasil, Zhang Jianhua, um dos motivos da abertura da filial no Brasil é o potencial de crescimento das relações comerciais entre os dois países. "A expectativa é de que ele estimule o comércio em geral, que os empresários brasileiros nos procurem para tirarem dúvidas de como comercializarem na China, como entender a cultura e os processos comerciais. Estamos aqui para incentivar", pontua.

 

"Estou otimista para o fato de o Banco ajudar o exportador brasileiro, uma vez que as vendas para a China são completamente diferentes, pois temos mais de 70% das exportações concentradas em praticamente dois produtos, o minério de ferro e a soja. A preocupação do governo é de que a pauta de exportação para a China seja mais diversificada e tenha uma maior inserção de produtos industrializados. Lembrando sempre, que a China é um dos maiores importadores mundiais, importando mais de um trilhão de dólares, sendo em grande parte industrializados", completa Ivan Ramalho.

 

"O aumento na relação comercial e na inserção de novas empresas brasileiras na China é viável num prazo mais longo. Primeiro, porque não são fornecedores tradicionais ao mercado internacional, precisam de um status positivo, uma indicação. A entrada é sempre muito lenta, requer inúmeros cuidados e conhecimentos. Além disso é necessário uma estrutura mais organizada, com ampla logística e investimento em tecnologia de ponta aqui no Brasil", frisou o diretor da Fractal, Celso Grisi.

 

Durante discurso para empresários do setor de máquinas e equipamentos, o candidato do PSDB à Presidência, José Serra, reforçou as críticas à política econômica do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo o tucano, o País caminha para uma desindustrialização.

 

O desafio para o próximo presidente, avaliou ele, está em definir se o Brasil irá seguir a rota para uma economia baseada apenas nas exportações de commodities ou se vai voltar a ter um modelo de desenvolvimento com foco na indústria. "Falta uma política nacional de desenvolvimento", argumentou Serra, durante palestra na Associação Brasileira da Industria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).

 

"Os resultados da balança do comércio exterior no primeiro semestre deste ano contribuíram para aumentar a preocupação dos empresários com as dificuldades do governo em tomar medidas que fortaleçam a competitividade de nossas exportações para enfrentar a dura disputa pelo mercado internacional, sobretudo dos manufaturados", frisa Rubens Barbosa, presidente do conselho de comércio exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

 


Veículo: DCI


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