Confiança do consumidor bate recorde em agosto

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Interesse pela compra de bens duráveis eleva em 0,7% o índice, que ultrapassa pela primeira vez os níveis pré-crise

 

O renovado interesse por bens duráveis, como automóveis e eletrodomésticos, puxou para cima o Índice de Confiança do Consumidor (ICC): 0,7% de julho para agosto. Pela primeira vez, a taxa ultrapassou os níveis do cenário pré-crise, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV).

 

Embora o aumento tenha sido menor que o de julho, quando avançou 1,1%, o indicador atingiu 120,8 pontos este mês, o maior resultado da série iniciada em 2005. O recorde anterior era de março de 2008 (120,1 pontos). O índice de confiança, que chega a 200 pontos, abrange amostra de mais de 2 mil domicílios, em sete capitais. Os consumidores foram entrevistados entre 30 de julho e 19 de agosto.

 

"A confiança do consumidor em agosto está forte, em patamar equivalente ao que se mostrava no cenário pré-crise", resumiu a coordenadora técnica da Sondagem das Expectativas do Consumidor, Viviane Seda Bittencourt. O índice é calculado com base em respostas apuradas pela sondagem da FGV. Segundo Viviane, o aumento de 0,7% em agosto foi menos intenso do que o anterior porque o índice já estava muito elevado em julho.

 

Entre as respostas que puxaram para cima o resultado, está a avaliação positiva das finanças pessoais das famílias. A fatia dos entrevistados que considera boa sua situação financeira aumentou de 24,1% para 25,8% de julho para agosto. "Isso está sendo influenciado pela boa situação econômica nos últimos meses", disse Viviane. A técnica lembrou que o mercado de trabalho continua com sinais positivos, o que eleva o potencial de renda do trabalhador e, por consequência, seu interesse por comprar mais.

 

Zona de endividamento. A análise favorável das finanças pessoais ajudou a aumentar a intenção de compras de bens duráveis, resposta que mais contribuiu para a taxa positiva do índice no mês. A participação dos consumidores pesquisados que projetam comprar mais desse tipo de produto nos próximos seis meses subiu de 14% para 16,6% de julho para agosto. Já a dos que preveem volume de compras menor caiu de 27,9% para 27,1%.

 

"Tivemos, em agosto, as melhores respostas para intenção futura de compra de bens duráveis desde maio de 2008", afirmou Viviane. "O consumidor está saindo de uma zona de endividamento e pensando em comprar mais no futuro, aproveitando o acesso ao crédito favorável", avaliou.

 

Nem todas respostas, porém, foram positivas em agosto. Entre as faixas de renda pesquisadas, o consumidor de baixa renda foi o único a apresentar queda no ICC, de agosto ante julho, com taxa negativa de 0,2% nas famílias com renda mensal até R$ 2.100. "Esse tipo de consumidor se comprometeu muito com pagamentos de longo prazo na época de reduções do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados)", disse Viviane. "Mas esse ciclo de endividamento das famílias de baixa renda está perto de acabar, e elas sentem que podem recomeçar a comprar em breve."

 


Veículo: O Estado de S.Paulo


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