América Latina e UE superam EUA como destino das vendas de manufaturados

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A América Latina vem ganhando espaço como o principal destino das exportações brasileiras de manufaturados, ao mesmo tempo em que os Estados Unidos perdem importância. De janeiro a julho, as exportações para América Latina e Caribe representaram 46,7% do total de vendas de manufaturados, mais que os 42,8% de 2009 e bem acima dos 40,7% de 2006. Já os EUA, que em 2006 ficaram com 22% das exportações brasileiras desses produtos, receberam apenas 13,2% deles nos primeiros sete meses deste ano - no ano passado, foram 13,8%. Além da América Latina, a União Europeia também abocanha hoje uma parcela maior das vendas de manufaturados brasileiros do que há quatro anos - de janeiro a julho, foram 20,1%, mais que os 17,2% de 2006.

 

O crescimento mais forte em vários países da América Latina do que nos EUA é fundamental para explicar a mudança ocorrida em 2010. Já a concorrência agressiva dos chineses no mercado americano tem papel importante para a perda de espaço dos produtos brasileiros nos EUA nos últimos anos. A valorização expressiva do real em relação ao dólar - mais acentuada do que na comparação com o euro - também é apontada como um dos motivos para o desempenho mais fraco das exportações desses bens para os EUA.

 

De janeiro a julho, as vendas de manufaturados para a América Latina e o Caribe subiram 37,3% sobre o mesmo período do ano passado, atingindo US$ 20,1 bilhões. O vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, diz que o bom momento econômico dos países latino-americanos, impulsionados em muitos casos pelos preços de commodities em níveis elevados, garante uma demanda elevada por produtos brasileiros.

 

A maioria dos grandes mercados da América Latina para manufaturados brasileiros terá um crescimento bastante razoável neste ano. Segundo projeções da "The Economist", a Argentina deve avançar 6,8%, o Chile, 5,2% e o México e a Colômbia, 4,6%. "Com exceção da Argentina e da Venezuela, as economias da região estão relativamente bem arrumadas. E a Argentina, mesmo com problemas, está crescendo bastante", diz a economista Mônica Baumgarten de Bolle, da Galanto Consultoria.

 

Castro cita ainda o fato de o Brasil se beneficiar na América Latina das regras do Mercosul, em que as mercadorias circulam sem pagar tarifas, e da Associação Latino-Americana de Integração (Aladi), que garantem preferências tarifárias aos produtos do país. O diretor do departamento de comércio exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Roberto Giannetti da Fonseca, por sua vez, diz que os manufaturados brasileiros adaptam-se bem às "condições de uso e consumo" dos países da América Latina.

 

Além disso, muitas empresas multinacionais, como Caterpillar, General Motors, Volkswagen e Siemens, usam o Brasil como plataforma de exportação para a região, observa Giannetti. Por todos esses fatores, a região tornou-se cada vez mais o principal destino das vendas de manufaturados - em 2003, a fatia era de 31,7%.

 

No caso da América Latina, o país consegue vender manufaturados mais sofisticados, como veículos, autopeças, máquinas e tratores. De janeiro a junho, o Brasil exportou apenas para a Argentina US$ 1,2 bilhão em automóveis de passageiros, 70,6% a mais que no mesmo período de 2009.

 

Nos últimos anos, a União Europeia tambem ganhou terreno como destino dos manufaturados. Castro diz que operações envolvendo matrizes europeias e filiais brasileiras ajudam a explicar o movimento, como no caso das montadoras. No primeiro semestre, as exportações de peças e outros veículos para a UE atingiram US$ 1,362 bilhão, 17,8% a mais que em igual período de 2009. Segundo ele, a UE também compra produtos como suco de laranja e açúcar refinado, classificados como manufaturados, apesar de terem características de commodities.

 

Giannetti ressalta que o Europa é um mercado importante para produtos alimentícios brasileiros, como é o caso de carnes industrializadas. Vendas de aviões e componentes de veículos também têm algum peso aí, segundo ele. "E o euro se valorizou bem menos em relação ao euro", diz Giannetti.
 

 

Veículo: Valor Econômico


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