A expansão mensal do crédito retomou vigor acima do esperado pelo mercado em agosto. O crescimento do estoque foi de 2,2% em relação ao mês anterior, nível mais elevado desde julho de 2009, quando o saldo avançou 2,35% em bases mensais. O volume global de empréstimos do sistema financeiro foi a R$ 1,583 trilhão, equivalente a 46,2% do PIB.
A trajetória, avalia o chefe-adjunto do Departamento Econômico do BC, Túlio Maciel, é condizente com o "crescimento muito forte da atividade econômica" e também decorre da forte expansão das modalidades direcionadas, que incluem repasses do BNDES e financiamentos à habitação, que continuam puxando a alta dos empréstimos.
Dado o dinamismo do mercado e a expectativa positiva para os próximos quatro meses, o BC revisou para cima suas projeções para o ano. A expansão esperada para o volume total da carteira passou de 20% para 22% em 2010. "Fizemos ajustes que refletem e incorporam o que vem acontecendo nos últimos meses. Até agosto, o crescimento em doze meses do estoque já é de 19,2%", diz Maciel. Em proporção do PIB, a previsão foi mantida em 48% do PIB no fim do ano.
Com o forte crescimento registrado até agosto, a expectativa para os empréstimos com recursos direcionados passou de 26% para 30% no ano. Os repasses do BNDES acumulam expansão de 32,3% em doze meses. Já os financiamentos imobiliários cresceram 51,5% também na mesma base de comparação, em grande medidas pela disposição da Caixa Econômica Federal, que detém cerca de dois terços do mercado. A autoridade monetária também alterou as projeções para a expansão das linhas com recursos livres, de 17% para 18%. Para pessoas jurídicas a previsão também passou de 17% para 18%, mantendo-se estável para pessoas físicas, em 18%.
Com relação à carteira dos bancos, o BC inverteu o ritmo de expansão e agora aposta em maior crescimento das instituições públicas. No início do ano, a autoridade acreditava que os bancos privados iriam tentar recuperar parte do mercado pedido na crise. A estimativa era de avanço de 24% dos empréstimos da banca privada, contra 20% dos públicos e 9% dos estrangeiros. Nessa revisão, o BC elevou a projeção das instituições estatais para 24%, com queda para 22% nos privados nacionais e elevação para 14% nos estrangeiros.
Ainda de acordo com os dados de agosto divulgados pelo BC, o ritmo nas taxas de juros se manteve igual aos meses anteriores, isto é, queda para pessoas físicas, que atingiu o menor patamar da história, em 39,9% ao ano; e alta para empresas, a quarta seguida, para 28,9% ao ano. Maciel, do BC, avalia que a queda ao consumo se deve à melhora da inadimplência, em 6,2%. No caso das empresas, ele julga que a elevação das taxas é decorrente da entrada de empresas de menor porte na carteiras dos bancos, cujo risco é mais elevado, seguindo migração das grandes para o BNDES. "A gente observa e os bancos nos reportam esse aumento da participação das pequenas empresas", diz.
Os dados preliminares do crédito divulgados pelo BC apontam manutenção do cenário no início de setembro. O volume total apresenta expansão de 2,2%, até o dia 10, sendo 2,4% para pessoas físicas e 2% nas jurídicas. Os juros e os spreads apresentam estabilidade nesse mesmo período para as linhas voltadas ao consumo, com leve elevação de 0,1 ponto percentual nos spreads para as empresas.
Veículo: Valor Econômico