A movimentação em torno da oferta de ações da Petrobras levou o Brasil a registrar a maior entrada de dólares no país em 11 meses.
Dados do Banco Central mostram um fluxo de US$ 11 bilhões em setembro até a última sexta. Somente na semana passada, entraram US$ 9 bilhões.
Esse é o maior valor registrado desde outubro de 2009, quando entraram US$ 14,6 bilhões. Na época, o resultado foi influenciado pela oferta de ações da operação do Santander no Brasil.
Para evitar uma queda maior da moeda no país, o BC comprou na semana passada US$ 5 bilhões. No acumulado do mês, já foram adquiridos US$ 5,9 bilhões, maior volume desde outubro do ano passado.
"Esse volume muito grande da semana passada é dinheiro para a capitalização da Petrobras, com os investidores se antecipando", disse o economista Mario Battistel, da Fair Corretora de Câmbio.
O aumento nas compras de dólares é uma das estratégias do governo brasileiro para tentar evitar que o preço de venda da moeda fique abaixo de R$ 1,70.
Ontem, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, voltou a informar que o governo vai usar o Fundo Soberano do Brasil para comprar moeda estrangeira. O governo disse ainda que vai comprar todos os dólares que entrarem no país para a oferta de ações da empresa estatal.
Para Battistel, a atuação do BC e do Fundo Soberano deve contribuir para evitar uma valorização maior do real e reduzir a volatilidade nesse mercado nos próximos meses.
O gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, afirma que o dólar vai continuar sendo pressionado pelas captações externas de empresas brasileiras e pela entrada de capital estrangeiro em busca de maior rentabilidade.
"Enquanto os estrangeiros vêm aqui procurar juros de 10,75% para aplicar, nós vamos lá fora atrás de taxas de 2% ao ano para captar", afirmou.
O Banco Central também informou que os bancos reduziram as apostas na valorização do real e estão hoje "vendidos" em US$ 11 bilhões, ante US$ 13,7 bilhões no final de agosto.
Veículo: Folha de S.Paulo