Um relatório divulgado na sexta-feira pelo maior banco de investimentos da Ásia coloca o Brasil como o 15º país menos vulnerável a uma futura alta global dos preços de alimentos.
O estudo do banco Nomura também cita Brasil e Argentina, dois grandes exportadores de alimentos, como possíveis beneficiados pelo eventual aumento dos preços.
O ranking, que contempla 80 países, coloca a Nova Zelândia como país menos vulnerável ao aumento global dos preços dos alimentos, o Uruguai, em segundo lugar, e a Argentina aparece em terceiro. Na outra ponta, o relatório do banco Nomura mostra Bangladesh, Marrocos e Argélia como os três mais vulneráveis em um cenário de alta dos alimentos.
Para estabelecer a lista, o Nomura criou um Índice de Vulnerabilidade de Alimentos, que leva em conta fatores como Produto Interno Bruto (PIB) per capita nominal, a parcela ocupada pela alimentação no consumo das famílias e a participação da exportação de alimentos no PIB de cada país.
Ainda de acordo com o estudo, o Brasil está em 10º lugar na lista de países em que o preço dos alimentos menos afeta o Índice de Preços ao Consumidor. Dentro desse novo cenário avaliado, os Estados Unidos são o país com menor impacto, enquanto a Índia é o mais afetado.
Previsão
O estudo do Nomura prevê uma alta nos preços dos alimentos nos próximos anos, considerando fatores como aumento da demanda global, mudanças climáticas, redução de áreas cultiváveis, diminuição nos ganhos da atividade agropecuária, especulação e protecionismo.
A solução proposta pelo relatório é elevar a oferta mundial de alimentos através de investimentos em agricultura, da remoção de barreiras comerciais, da reforma de políticas agrárias e do acesso facilitado de serviços financeiros aos produtores.
Os temores de aumento dos preços dos alimentos levaram à convocação de uma reunião extraordinária da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) na sexta-feira, em Roma, para discutir o assunto.
Entre os participantes da reunião, estão produtores de grãos da Rússia, país que suspendeu suas exportações de trigo e outros grãos devido à seca.
A notícia gerou temores de que uma nova alta generalizada nos preços de produtos agrícolas pudesse causar uma nova crise de alimentos, como a ocorrida em 2007/2008, que gerou revoltas populares em vários países, como Haiti, Indonésia, Egito e Camarões.
Veículo: DCI