Medidas para conter o real são vistas com ceticismo por analistas

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Para eles, muito da dificuldade de estancar o fluxo de dólares se deve ao sucesso da economia brasileira

 

Analistas do mercado financeiro consultados pela Agência Estado estão céticos quanto a uma solução imediata para o problema da valorização da moeda brasileira em relação ao dólar. Eles afirmam que muito da dificuldade de estancar essa trajetória cambial reside no diagnóstico de que o Brasil é uma economia de sucesso, mas também apontam a importância da trajetória internacional da moeda.

 

A credibilidade internacional que a economia brasileira conquistou nos últimos anos em decorrência da estabilidade, aliada a uma das taxas de juros mais altas do mundo, faz com que o País se torne interessante para estrangeiros. "A economia brasileira mantém-se aquecida (o PIB, segundo projeção do BC, deverá crescer 7,3% neste ano), os fundamentos são sólidos e o BC tem grande credibilidade no exterior. Com isso, o fluxo de dólares para o Brasil tende a se manter", diz o operador de câmbio do Banco Prosper, Rodrigo Maranhão.

 

Já para o economista-chefe do Banco ABC Brasil, Luís Otávio de Souza Leal, o Brasil paga mais pelo fracasso das demais economias do que pelo seu sucesso, mas acrescenta: "É claro que temos méritos. Tanto que ninguém investe na Venezuela". Para ele, no curto prazo, as medidas para impedir a valorização cambial até deverão surtir efeito, com o dólar podendo chegar a R$ 1,80 ou R$ 1,85, mas a médio prazo voltará à casa do R$ 1,60.

 

Entre os remédios para tentar conter o real está a autorização para que o Fundo Soberano do Brasil (FSB) compre dólares. Ontem, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, refutou as avaliações de que tem tentado segurar o câmbio "no gogó". "Eu falo e faço, mas faço com prudência."

 

"Mas o que o Mantega fez até agora foi só falar mesmo", disse Maranhão. "O que acontece é que a Fazenda dá uma declaração e o mercado se assusta, mas depois volta ao normal", ressaltou, acrescentando que o fluxo de vendedores é muito forte e que isso tem derrubado a taxa.

 

Para o diretor de câmbio da Fair Corretora de Câmbio e Valores, Caio Lucchese, diante de todos os estímulos que a economia brasileira oferece à entrada de recursos externos no Brasil, a decisão do governo brasileiro de autorizar a compra da moeda estrangeira pelo Fundo Soberano será insuficiente. Para ele, a compra da moeda estrangeira pelo Fundo Soberano é uma "boa pegadinha", porque as compras não trarão custos adicionais.

 


Veículo: O Estado de S.Paulo


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