Brasil sofre com "guerra cambial", diz Mantega

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Ministro aponta desvalorização artificial de moedas pelo mundo

 

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou ontem que o mundo vive uma "guerra cambial", com os países buscando desvalorizar as suas moedas. De acordo com ele, o Brasil tem mecanismos para impedir que haja uma valorização cambial exagerada no país.

 

"Os países estão procurando desvalorizar as suas moedas para terem mais competitividade. Isso nos ameaça porque tira a nossa competitividade", disse o ministro em apresentação a empresários.

 

Segundo ele, o governo tem medidas para impedir que "sobrem dólares no mercado". "Já estamos comprando um volume muito maior de dólares. Devemos estar com US$ 270 bilhões de reservas mais as reservas que o Tesouro tem. Já temos um volume grande", reforçou.

 

Mantega disse que há ainda outras medidas que podem ser tomadas para impedir que haja uma sobrevalorização excessiva da moeda.
"Há outras medidas na esfera das aplicações em renda fixa ou de alguma especulação que possa haver com capitais de curto prazo."

 

Ele lembrou, no entanto, que o país já tomou, no ano passado, medidas para conter a entrada excessiva de capital de curto prazo, como a adoção de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) sobre aplicações externas em ações e renda fixa.
"Não pretendemos taxar investimento estrangeiro, que é muito positivo para o país", apontou.

 

Mantega acrescentou que há expectativas de "uma calmaria" após o processo de capitalização da Petrobras.

 

DESINDUSTRIALIZAÇÃO

 

O ministro negou ainda que esteja ocorrendo uma desindustrialização no país. "Houve uma redução do peso da indústria na economia mundial. O Brasil não foi exceção a essa regra. Agora, a indústria brasileira se mantém dentro dos padrões da indústria mundial", disse.

 

Segundo ele, a produção da indústria em torno de 17% do PIB (Produto Interno Bruto) representa "um marco razoável".

 

Mantega afirmou ainda que acredita ser necessário ter medidas "mais duras antidumping" para impedir que haja "concorrência desleal". De acordo ele, muitas nações em dificuldades tentam vender "a todo custo" seus produtos para o mercado nacional.

 

O ministro acredita que o governo tem condições de dar início à reforma tributária ainda neste ano, após as eleições.
"É possível fazer a reforma tributária no que diz respeito ao ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços) e acabar com a guerra fiscal entre os Estados", afirmou durante seminário na Fiesp.
Segundo o ministro, o governo deverá reduzir as alíquotas interestaduais e dar compensação aos Estados.

 


Veículo: Folha de S.Paulo


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