Indústria antecipa importação de insumo e aumenta hora extra

Leia em 5min 30s

Conjuntura: Empresas se preparam para atender encomendas entre 10% e 40% maiores no fim do ano

 

Carlos Eduardo Padula, diretor-comercial da Hope: vendas neste ano serão 40% maiores que as do ano passadoEmpresas que usam insumos importados ou mesmo nacionais, mas de diferentes fornecedores, anteciparam a compra de componentes para evitar falta de itens quando a produção ficar muito acelerada, como em outubro e novembro. A LG, que importa 75% dos componentes usados na fabricação de aparelhos de celular, televisores e eletrodomésticos, começou sua preparação no primeiro semestre. "Neste ano antecipamos um pouco mais do que o normal os pedidos de importação. Já em maio compramos insumos estrangeiros porque a perspectiva para o fim do ano é ótima", diz Eduardo Toni, diretor de marketing da LG.

 

Como ocorre em anos de Copa do Mundo, parte das vendas de fim de ano foram feitas em maio e junho. Por isso, a empresa avalia que as vendas no último trimestre serão entre 7% e 10% maiores que em igual período de 2009. As duas fábricas da LG, em Manaus e Taubaté, operam com três turnos e a companhia espera contratar até 550 temporários para fortalecer a produção dos 5,5 mil trabalhadores.

 

Para atender um aumento de consumo que deve ser 25% maior no último trimestre deste ano sobre igual período de 2009, a Lorenzetti aposta na produção plena de seus mais de 3,3 mil funcionários, número 10% maior que no fim do ano passado. Até dezembro a empresa terá 102 novos produtos, entre chuveiros elétricos, pias, aquecedores a gás e filtros de água.

 

Segundo Alexandre Tambasco, gerente de marketing da companhia, o planejamento de 2010 levou em conta dois pontos: a sazonalidade, que impulsiona a venda de filtros de água no verão e diminui a de chuveiros, e o ritmo acelerado do consumo vivido ao longo do ano. "Todas as importações de insumos e a entrega das matérias-primas de fornecedores nacionais estão programadas desde o início do ano, quando já estava claro que a economia cresceria muito", diz.

 

O pico de produção ocorrerá entre o início de novembro e o dia 15 de dezembro, para antecipar as férias coletivas. "Isso ocorrerá sem a contratação de temporários e será concentrada para evitar falta de produto", afirma Tambasco. A empresa, diz ele, precisa ter uma "sintonia fina" entre produzir o suficiente para atender a demanda dos distribuidores e formar estoques indesejados.

 

Com três unidades no município de Maranguape, região metropolitana de Fortaleza (CE), a fabricante de lingerie Hope viu superadas as suas já otimistas projeções para o fim de ano. De acordo com seu diretor-comercial, Carlos Eduardo Padula, a empresa vinha se preparando para uma expansão de 30% nas vendas, mas acredita agora que os negócios vão superar em 40% o desempenho observado no mesmo período de 2009.

 

Para dar conta da demanda que cresce vertiginosamente no segundo semestre, o executivo informou que a Hope já contratou cerca de 150 funcionários. Agora, com a expectativa para as vendas de fim de ano elevada para 40%, outros 100 a 150 trabalhadores devem chegar às fábricas, que desde julho estão operando aos sábados. "Estamos nos preparando para começar a trabalhar aos domingos", informou Padula.

 

Em Pernambuco, a fabricante de computadores Elcoma espera vender 7 mil unidades em dezembro, mais que o dobro das 3 mil comercializadas no mesmo período do ano passado. O salto considera o aumento de capacidade implementado neste ano, mas mesmo assim a Elcoma terá de contratar pelo menos 30 funcionários, um acréscimo de 50% no quadro de 61 trabalhadores. De acordo com o presidente da empresa, Julio Gil Freire, os novos funcionários serão efetivados, em função das projeções otimistas para 2011. A empresa também planeja horas extras. O turno de trabalho na fábrica, atualmente em oito horas diárias, será aumentado em cerca de 40% nos últimos meses do ano.

 

Paulo Braga, diretor-superintendente da Mallory, diz que a programação da empresa até o fim do ano para produção de ventiladores, batedeiras e liquidificadores está praticamente fechada. Para conseguir atender às encomendas, a empresa conta com a terceira unidade de produção recém-inaugurada, e cujo investimento foi definido no começo do ano.

 

A nova unidade iniciou as atividades em setembro e em novembro entrará em operação total, o que elevará em 65% a capacidade produtiva da Mallory. Com a nova unidade, a empresa vai contratar 300 pessoas, ficando com um total de mil trabalhadores. Ela estima faturar 30% mais em 2010 em relação ao desempenho médio de 2008 e 2009.

 

A fabricante de eletroeletrônicos Samsung está otimista com o fim de ano, e espera um volume da produção entre 10% e 20% maior em relação ao fim do ano passado. Segundo o vice-presidente da empresa, Benjamim Sicsu, o crescimento será atendido com o aumento da produção dos produtos antigos e com o lançamento de novos itens. "Notebook e monitores comerciais são produtos novos que devem vender bastante nesse fim de ano", conta Sicsu.

 

Para dar conta da produção extra, a empresa começou em agosto a mudança da fábrica para uma área mais ampla em Manaus. Não foram realizadas contratações específicas para o fim de ano, mas a empresa está com um quadro de funcionários 20% maior que em 2009. Toda semana, conta ele, são realizados ajustes com o varejo para acertar a produção e evitar sobras de estoque.

 

A fabricante de eletrodomésticos Latina projeta crescimento de 10% das vendas no fim de ano em relação a 2009. Para atender a demanda, inaugurou em julho uma segunda fábrica em São Carlos. "Estamos esperando para outubro e novembro uma produção recorde, sobretudo para as linhas de ventiladores de teto e produtos refrigerados, como purificadores e bebedouros", diz Valdemir Dantas, presidente e CEO da Latina.

 

O investimento na nova uniade foi de US$ 300 mil. Ela aumentará a capacidade da empresa em 20%, mesmo percentual de aumento do quadro de pessoal. "As contratações iniciaram em julho já para atender a demanda de setembro e do final do ano", diz Dantas. (Colaborou Marta Watanabe)

 

 
Veículo: Valor Econômico


Veja também

Preço de bem durável puxa IPCA para baixo

Aumento das importações e recuo na demanda podem estar por trás do recuo   De microcomputado...

Veja mais
Brasil sofre com "guerra cambial", diz Mantega

Ministro aponta desvalorização artificial de moedas pelo mundo   O ministro da Fazenda, Guido Mante...

Veja mais
Brasil é 15º país menos vulnerável à alta dos alimentos, diz estudo

Um relatório divulgado na sexta-feira pelo maior banco de investimentos da Ásia coloca o Brasil como o 15&...

Veja mais
Peso da indústria no PIB cai para 15,5% e volta ao nível de 1947

Em apenas cinco anos, a indústria de transformação perdeu quatro pontos percentuais de peso no Prod...

Veja mais
Cai indicador de abertura comercial do Brasil, apesar das importações

O contínuo crescimento das exportações e o recorde de importações do Brasil no primei...

Veja mais
Alimentos puxam a inflação para o consumidor nas capitais

Mais uma vez a inflação dos alimentos foi responsável pelo avanço de preços do varejo...

Veja mais
Alta de alimentos faz Fipe elevar projeção do IPC

Previsão para o mês de setembro foi revisada de 0,30% para 0,45% pelo coordenador do índice, que cal...

Veja mais
Os novos donos do capitalismo brasileiro

Número de empresas investidas por fundos passou de 323 para 570 de 2006 até hoje   Hora do almo&cce...

Veja mais
Fazenda quer flutuação "administrada" do câmbio

Colocada no topo das prioridades do Ministério da Fazenda nas últimas semanas, a ofensiva contra a valoriz...

Veja mais