Cenário de inflação dificulta previsões, diz Copom na ata da reunião que manteve taxa
Depois de criticar alguns analistas por conta de previsões pessimistas para a inflação, o BC reconheceu que o mercado financeiro está dividido em relação à tendência dos juros no próximo ano.
A instituição defende, no entanto, a política de manutenção dos juros adotada nos últimos três meses e diz que não foi surpreendida pela alta recente nos preços dos alimentos, que já estava incorporada nos seus cálculos.
A avaliação faz parte da ata da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do BC) da semana passada, quando o comitê decidiu manter novamente os juros básicos em 10,75% ao ano.
Segundo o BC, choques econômicos recentes dificultaram ainda mais a realização de previsões, o que pode ser visto "no caráter bimodal da visão dos analistas consultados" pela instituição.
"Uma parte percebe um cenário inflacionário benigno, no qual a taxa Selic permanece estável no horizonte relevante; ao mesmo tempo em que outra parcela mostra ceticismo e advoga pela elevação da taxa básica."
Para analistas, o documento divulgado ontem confirma que a taxa básica de juros será mantida na última reunião do ano, em dezembro, e que o BC deixará para o próximo governo a tarefa de trazer a inflação de volta para o centro da meta de 4,5%.
Na ata, o BC cita a alta dos alimentos como principal risco para a inflação em 2009 e 2010. A instituição diz, no entanto, que o índice oficial de preços caminha para a meta.
Apesar da desaceleração da economia nos últimos trimestres, o BC diz que a demanda doméstica continua robusta, devido ao crescimento da renda e do crédito.
Por outro lado, a utilização da capacidade da indústria e o mercado de trabalho mostram estabilidade, e os efeitos da alta recente dos juros ainda não se esgotaram.
Veículo: Folha de S.Paulo