Pela sexta vez no ano, o mercado elevou sua previsão para a inflação no final de 2010. O IPCA passou de 5,20% para 5,27%, segundo o relatório Focus divulgado ontem pelo Banco Central (BC) em comparação com o documento anterior. Apesar de estar dentro da banda de dois pontos percentuais para cima ou para baixo, a expectativa se afasta cada vez mais do centro da meta, que é de 4,5%. Para 2011, os analistas consultados pelo BC esperam a inflação a 4,98%, ligeira queda ante o documento passado (4,99%).
Com relação aos demais dados, não houve grandes mudanças. O mercado financeiro mantém a perspectiva para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano a 7,55% há três semanas. No próximo ano, eles também continuam a projetar o PIB a 4,5%, há 46 semanas. Da mesma forma, as expectativas para a taxa básica de juros (Selic) não sofreram alterações frente ao relatório da semana passada. Ou seja, para 2010, a previsão é de 10,75% ao ano e, 2011, a 11,75% ao ano.
O economista-chefe do banco Schahin, Silvio Campos Neto, afirma que a divulgação da ata do Comitê de Política Monetária (Copom), "após a esperada decisão e um comunicado lacônico", deixa a expectativa para o conteúdo do documento. "Apesar de prevista, a aceleração inflacionária após a reunião anterior, combinada com a solidez da demanda interna, pode fazer o BC a retomar um discurso mais cauteloso no relatório", prevê.
Sobre a atividade econômica, Campos Neto avalia que "há uma aparente controvérsia nos dados recentes, com a pujança da demanda interna de um lado, e a acomodação do setor produtivo do outro". "Desta forma, caberá aos números do PIB do terceiro trimestre, que saem no início de dezembro, compatibilizar estes aspectos. O terceiro trimestre será um teste interessante para o índice do Banco Central", analisa.
Os consultados pela autoridade monetária estimam que a produção industrial cresça 11,27% do PIB neste ano, ligeira alta comparada ao previsto na semana passada (11,30%). Pequena alteração foi observada também no prognóstico da dívida líquida do setor público, ao passar de 40,94% do PIB para 40,89% do PIB neste ano, e de 39,67% para 39,64% a fechar em 2011.
Ainda de acordo com o documento do BC, a projeção para o câmbio permanece a R$ 1,70 por dólar para o final de 2010. Mas passou de R$ 1,80 para R$ 1,79, para 2011. Para as contas externas, a previsão continua em déficit de US$ 50 bilhões.
Veículo: DCI