O espaço para que a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) encerre 2010 em um nível tranquilo está cada vez menor, já que o grupo alimentação continuou com um impacto relevante sobre o indicador da Fundação Getulio Vargas (FGV) no início de novembro. A avaliação é do coordenador do IPC-S, Paulo Picchetti, que afirmou, porém, que continua a trabalhar com uma estimativa de taxa de 5% para o acumulado deste ano. Para ele, a pressão sobre os preços continua bastante concentrada em um número determinado de itens, que podem, por conta de uma volatilidade peculiar, também mudar de trajetória nas próximas medições da FGV.
"O espaço ou folga para o ano acabar com um número confortável e até para 2011 começar num nível confortável está diminuindo bastante", disse Picchetti. "É besteira revisar a estimativa deste ano com um dado de curto prazo, sabendo que a pressão está concentrada em alguns itens que ainda podem ter alguma reversão forte, com sete semanas para encerrar o ano", ponderou, referindo-se ao cenário atual do IPC-S.
Ontem, a FGV divulgou que o indicador de inflação ao consumidor registrou, na primeira quadrissemana de novembro, taxa de 0,67%, que representou aceleração de 0,08 ponto percentual ante a taxa de 0,59% do fechamento de outubro. De acordo com Picchetti, o avanço no resultado de alta do grupo alimentação, de 1,38% para 1,54%, entre o final do mês passado e o começo do atual, respondeu por 0,05 ponto percentual de toda a aceleração do indicador geral no mesmo período.
Na avaliação de Picchetti, dois fatores deram algum tipo de alento sobre o futuro da inflação no início de novembro. O primeiro foi o comportamento do grupo serviços, cuja alta, de 0,50% na primeira quadrissemana deste mês, inferior à de 0,59% do encerramento de outubro. O segundo foi a variação positiva de 0,78% nos preços de laticínios, contra alta anterior de 1,24%.
"É algo para acompanhar", comentou o coordenador da FGV, especificamente em relação aos Serviços. O conjunto de preços é tradicionalmente monitorado com atenção pelo mercado e pelo Banco Central.
Veículo: DCI