Importado pressiona 59% da indústria

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Sondagem da FGV mostra também que 51% das empresas vão expandir investimentos na capacidade de produção no 1º semestre

 

A indústria sentiu a ameaça dos importados e pretende ampliar os investimentos na produção e aumentar o uso da capacidade das fábricas no primeiro semestre de 2011 para aproveitar o crescimento acelerado do consumo doméstico, revela a Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

 

Pela primeira vez a pesquisa incluiu questões sobre a concorrência estrangeira e detectou que, em 2010, na comparação com o período pré-crise, a competição com os produtos importados aumentou para 59% das 1.196 empresas consultadas. Os setores mais afetados foram os bens intermediários, com 83% da indústrias registrando aumento da concorrência estrangeira, seguido pelos bens de capital (73%) e os bens de consumo duráveis (68%).

 

A competição externa afetou menos os fabricantes de materiais de construção, com 49% das indústrias sentindo o aumento da concorrência, e os bens de consumo não duráveis (23%). Nesse setor, que inclui alimentos e produtos de higiene e limpeza, por exemplo, 26% das companhias informaram que não têm competição externa, destaca o coordenador técnico da sondagem, Jorge Ferreira Braga.

 

Em relação ao Nível de Utilização de Capacidade Instalada (Nuci), 55% das indústrias pretendem aumentar esse índice no primeiro semestre de 2011. Em dezembro, o Nuci voltou a subir na comparação com novembro (84,5%) e atingiu 84,9% , descontadas as influências sazonais.

 

Também mais da metade das companhias (51%) planeja ampliar os investimentos na capacidade de produção nos próximos seis meses, o que reduz o risco de pressões inflacionárias. Braga destaca que os menores indicadores de expansão do Nuci e dos investimentos programados para o primeiro semestre de 2011 foram observados nos bens de capital, setor que é mais afetado pela competição estrangeira.

 

"A indústria está tentando ir atrás de processos produtivos mais qualificados, com aumento da escala de produção, para enfrentar a concorrência dos importados", afirma o economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Rogério César de Souza. O aumento da capacidade, combinado com mais tecnologia, torna viável redução de preço, explica o economista.

 

Reação. Os dados da sondagem, que é realizada para medir o Índice de Confiança da Indústria (ICI), mostram que o indicador voltou a subir em dezembro e aumentou 1,6% na comparação com o mês anterior. O ICI atingiu neste mês 114,5 pontos, o maior nível do segundo semestre deste ano. A reação ocorreu porque cresceram os índices de situação atual e de expectativas.

 

Após sete meses seguidos de queda sobre o mês anterior, o índice de situação atual dos negócios teve alta de 3,3% em dezembro ante novembro e foi o quesito que mais influenciou o indicador geral. Já a perspectiva de emprego para três meses, de dezembro a fevereiro, foi o quesito com melhor desempenho no índice de expectativas. Os setores que vão mais contratar no início de 2011 são: minerais não metálicos (como cimentos), vestuário e calçados, têxtil e alimentar.

 

José Júlio Senna, sócio-diretor da consultoria MCM, pondera que é preciso ver esses resultados da sondagem com cautela para traçar uma nova tendência de aceleração da indústria. "Acendeu a luz sobre a possibilidade de saída do quadro de estagnação registrado pela indústria nos últimos meses. Mas todo o cuidado é pouco na interpretação desses indicadores, pois ainda se trata apenas de uma observação."

 


Veículo: O Estado de S.Paulo


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