Importados ainda "reinam" no comércio

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Mas, devido à má qualidade, remessa de mercadorias chinesas foi interrompida em algumas lojas.


 
A desvalorização do dólar frente ao real tem servido de incentivo para que comerciantes de diversos segmentos incrementem o mix de suas lojas com produtos importados. Seja em função do preço competitivo dessas mercadorias em comparação com os valores praticados pela indústria nacional ou mesmo para oferecer opções diferenciadas de compras para os clientes, essa estratégia tem resultado em mais vendas para as empresas.

 

De acordo com o proprietário da Brinkel, especializada em brinquedos, Altair Rezende, o percentual de produtos importados na sua loja localizada no bairro Padre Eustáquio, em Belo Horizonte, passou de 60% para 70% no último ano. "Eu não importo diretamente. Há fábricas nacionais que, além da produção própria, também distribuem esse tipo de mercadoria", explicou.

 

Mas o negócio que tem rendido mais vendas para a empresa - o que justifica o aumento do número de produtos importados no mix - sofreu um "golpe" no início do ano, quando o governo federal elevou de 20% para 35% o Imposto de Importação de brinquedos importados. "O impacto dessa medida deve ser sentido no decorrer do ano", destacou o empresário.

 

Depois de registrar crescimento de 5% em 2010 frente ao ano anterior - um índice considerado positivo visto que o empreendimento está no mercado há 20 anos - a estimativa para este exercício também é otimista, para repetir o mesmo percentual.

 

Outra empresa que está incluindo produtos importados no seu mix é a Água Fresca Lingerie. Com cinco lojas na capital, a companhia está no seu segundo lote de mercadorias do gênero, para oferecer opções de compra diferenciadas para a clientela.

 

De acordo com a proprietária Juliana Moraes, a desvalorização do dólar frente ao real foi um fator determinante para a primeira importação de produtos franceses, em 2009. O resultado das vendas foi tão positivo que ela resolveu repetir a dose, agora com mercadorias daquele país e também da Itália. "Atualmente, 3% do nosso mix é composto por produtos importados. Na linha dia, o percentual cresce para 7%", apontou.

 

Com desempenho satisfatório em 2010, na casa dos 12%, a empresária trabalha com uma expectativa de crescimento menos ousada para este ano. "O mercado está mais retraído neste início de ano. Por isso estou prevendo incremento de 10%", adiantou.


 
Nacional - Da mesma forma que há setores do comércio que têm optado por produtos importados, há outros que estão preferindo a indústria nacional para atrair e agradar a clientela. A empresária Giselle Garcia de Carvalho Reis, proprietária e responsável pelas compras da Clara Bela, multimarcas especializada em vestuário feminino, localizada na Savassi, afirmou que não precisa sair da capital para abastecer o seu estoque e torná-lo atraente e variado. "Ainda não procurei nada fora do país. As marcas mineiras são ótimas e vendem demais", ressaltou. A loja registrou 12% de aumento nas vendas em 2010 ante o exercício anterior.

 

No comércio, há lojas que, mesmo com o incentivo do dólar, abandonaram os produtos importados. Um caso é a Praça Sete Calçados, que tem loja no hipercentro da Capital. De acordo com o gerente, Manoel Reis, as remessas de mercadorias chinesas foram interrompidas porque a elevação de vendas esperada com a operação não aconteceu de fato, em função da qualidade duvidosa dos produtos.

 

"O produto custa menos, mas o consumidor só estava comprando uma vez. Agora estamos apenas com as fábricas nacionais, com artigos atualizados e coleções atraentes para atender à clientela da loja composta por senhoras", ressaltou.

 

A venda de produtos nacionais rendeu à Praça Sete Calçados crescimento de 15% em 2010 frente ao ano anterior. A projeção de vendas para este exercício permanece positiva. Mineira, a sapataria foi fundada há 57 anos.

 

Veículo: Diário do Comércio - MG


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