No Brasil, empresas temem falta de peças

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Panasonic diz que pode ter problemas na produção de eletrônicos em Manaus

 

Empresas de capital japonês que operam no Brasil, muitas delas dependentes de peças e insumos fornecidos pelas matrizes, ainda não conseguem avaliar o impacto da tragédia no Japão nos negócios locais, mas algumas já temem por dificuldades na produção.

 

A Panasonic afirma que "os danos poderão ter algum efeito na produção de Manaus nos próximos meses, uma vez que muitos materiais utilizados vêm do Japão, especialmente para câmeras digitais, rádios para carros e TVs de plasma e LCD". No entanto, acrescenta, é necessário mais tempo para analisar o impacto.

 

A maioria das empresas calcula ter estoques para manter a produção por dois a três meses, casos por exemplo das montadoras Honda (que recebe da matriz câmbio automático) e Toyota (motor e câmbio). A Toyota do Brasil manteve para a próxima terça-feira evento com a imprensa brasileira de apresentação do novo Corolla.

 

Segundo Mauricio Loureiro, presidente do Centro das Indústrias do Amazonas, as partes mais afetadas no Japão não comprometeram no todo as operações de negócios, pois há empresas que operam em outras áreas que não sofreram tanto com o terremoto. "Pelo que temos de informações algumas empresas suspenderam as operações, mas voltarão a operar em breve." Ele lembra que empresas como a Sony não sofreram maiores danos "e é pouco provável que sofram algum revés, pois podem se abastecer de fábricas em outros países, como China e Malásia".

 

Pânico. Para consultores, qualquer diagnóstico neste momento envolve mais preocupação do que realidade. "O pânico nos mercados financeiros teve mais a ver com o temor do vazamento nuclear do que com o terremoto", ressalta Marcelo Pereira, gestor da Tag Investimentos.

 

Segundo ele, ninguém, nem o governo local, sabe o tamanho do problema e isso causa apreensão no mercado mundial. "O momento agora é de calma", avisa.

 

Alex Agostini, economista chefe da Austin Rating, avalia que, num primeiro momento, o Brasil - que tem balança comercial equilibrada com o Japão (US$ 7,1 bilhões exportados e US$ 6,98 bilhões importados em 2010) -, pode perder contratos.

 

A partir do segundo semestre, com a necessidade de reconstrução, o País poderá se beneficiar do aumento de pedidos de minério, alumínio e alimentos.

 

O analista da Corretora Fator, Rodrigo Blanco, ressalta que não há dados que confirmem os impactos no preço do aço em razão de uma possível queda na produção no Japão e da demanda que o país vai gerar na reconstrução.

 

A Usiminas, que tem 27% de suas ações nas mãos da Nippon Steel, ainda não tem análise sobre impactos nos negócios do grupo. No mercado ontem circulavam especulações de que a companhia japonesa poderia vender sua participação para formar caixa.

 

Outro rumor era de que a Usiminas poderia ter de desembolsar aportes para ajudar sua sócia majoritária. As ações preferencias da empresa caíram 1,3% ontem e as ON tiveram queda de 2,73%. Analistas, porém, não viram a queda como preocupação, mas como uma "devolução" dos ganhos no dia anterior, de alta de 2,09% nas PNs e de 9,55% nas ONs.

 

Veículo: O Estado de S.Paulo


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