IOF sobre empréstimos mais longos afetam dívida externa

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A dívida externa do País atingiu US$ 279,2 bilhões em março, com o incremento de US$ 22,4 bilhões em relação a dezembro de 2010, segundo os dados do Relatório do Setor Externo do Banco Central (BC), anunciado pelo chefe adjunto do Departamento Econômico do BC, Túlio Maciel.

 

O executivo afirmou ainda que, "no mesmo período, a dívida externa de longo prazo cresceu US$ 9,5 bilhões e soma US$ 209 bilhões, enquanto o estoque da dívida de curto prazo teve um aumento de US$ 12,9 bilhões e totalizou US$ 70,2 bilhões".

 

Segundo Maciel, a expansão verificada no curto prazo deveu-se ao ingresso líquido de US$ 7,7 bilhões em empréstimos a bancos, US$ 2,6 bilhões a outros setores, e a emissões líquidas de US$ 2,6 bilhões em papéis do setor bancário. No caso da dívida de médio e longo prazo houve o ingresso líquido de US$ 4,9 bilhões em bônus e notas, de US$ 3,6 bilhões em empréstimos ao setor bancário e mais US$ 2,4 bilhões de empréstimos a outros setores.

 

"O destaque no período foi a redução de US$ 2,2 bilhões no endividamento externo de longo prazo do governo central."

 

O aumento da dívida externa de curto prazo chama atenção. De acordo com os dados, o endividamento externo teve um aumento de 8,7% em relação a dezembro de 2010. A dívida de curto prazo saltou 22%, enquanto a de longo prazo teve alta de 4,8%.

 

Isto aponta que em abril houve um processo de migração dos empréstimos de curto prazo, para longo prazo.

 

Isso é uma indicação de que a decisão do governo de cobrar 6% de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nas operações com prazo de até dois anos começa a surtir efeito.

 

Em março, os empréstimos tomados no exterior somaram US$ 9,585 bilhões. Deste total, praticamente dois terços - US$ 6,285 bilhões - foram operações de curto prazo.

 

"As prévias de abril indicam uma queda do curto prazo", afirmou Maciel. Ele evitou fazer uma avaliação da eficácia da medida do governo. "A magnitude do impacto do IOF em seu primeiro mês de vigência só poderá ser mensurada quando saírem os dados do balanço brasileiro de pagamentos de abril, em fins de maio", disse.

 

O balanço de pagamentos do País (balança comercial, conta de serviços e das transferências) ficou superavitário em US$ 9,53 bilhões em março de 2011. Em período correspondente do calendário anterior, o resultado positivo foi de US$ 3,263 bilhões.

 

No ano, o superávit do balanço de pagamentos soma US$ 27,649 bilhões, segundo o BC.

 

As transações correntes ficaram deficitária em US$ 5,7 bilhões em março, e acumulam déficit de US$ 50 milhões nos últimos 12 meses, o que equivale a 2,33% do Produto Interno Bruto (PIB). Um ano antes, o resultado foi negativo em US$ 5,017 bilhões. Nos 12 meses imediatamente antecedentes, esse valor era negativo em US$ 49,3 bilhões ou 2,32% do PIB.

 

No primeiro trimestre, houve déficit de US$ 14,631 bilhões, ou 2,61% do PIB. Em mesmo período de 2010, o resultado negativo era menor, de US$ 11,949 bilhões.

 

Segundo Túlio Maciel, a conta financeira apresentou ingressos líquidos de US$ 14,883 bilhões no mês, com destaque para a entrada de investimento estrangeiro direto (IED) no total de US$ 6,791 bilhões. As remessas líquidas de renda para o exterior foram de US$ 4,3 bilhões em março, com crescimento de 39,9% comparado ao mesmo mês de 2010. Do total, US$ 3,4 bilhões se referem a transferências de renda sobre IED, que tiveram expansão de 70% sobre os US$ 2 bilhões de março do ano passado.

 

Enquanto isso, os investimentos brasileiros diretos no exterior registraram retorno líquido de US$ 1,479 bilhão.

 

As despesas líquidas com viagens internacionais somaram US$ 1,02 bilhão do mês passado, com evolução de 47,1% sobre março de 2010. O balanço de gastos com viagens é desfavorável ao país, uma vez que os gastos de turistas estrangeiros no Brasil cresceram apenas 9,4%.

 

O relatório do BC menciona, ainda, que as reservas externas do país continuam em alta (US$ 317,1 bilhões) no final de março, com aumento de US$ 9,6 bilhões. no mês, em decorrência, principalmente, das compras feitas pela autoridade monetária no mercado à vista de câmbio, no total de US$ 8,8 bilhões.

 

Mas, de acordo com o último número liberado pelo BC, relativo ao dia 20 deste mês, as reservas internacionais cresceram mais US$ 8,588 bilhões neste mês e estão em US$ 325,734 bilhões. Número que continua em constante evolução, pois o BC tem feito intervenções diárias no câmbio, com vistas a conter a desvalorização da moeda norte-americana.

 

 

Veículo: DCI


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