Classes C e D movimentam comércio

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Além de estar comprando mais, os novos consumidores têm optado por produtos de maior valor agregado.


Enquanto alguns setores começam a sentir os primeiros efeitos da desaceleração da economia e passam a registrar desaquecimento nos negócios, o comércio voltado para as classes C e D segue crescendo em função do apetite crescente dos "novos consumidores", que estão comprando produtos de maior valor agregado.

O Via Shopping Barreiro, situado na região de mesmo nome e inaugurado em 2003 em Belo Horizonte, é um bom exemplo dessa tendência. Segundo o diretor Comercial, Cássio Ferreira, em virtude dos últimos resultados, o mall planeja para 2012 a ampliação de sua praça de alimentação, que ganhará seis lojas.

Sem revelar o valor do investimento, Ferreira explica que as obras têm como objetivo acompanhar a mudança de perfil dos clientes, que passaram a diversificar suas compras. "A alimentação fora de casa ganhou muito espaço, até porque é entendida como forma de lazer. E os cinemas seguem no mesmo ritmo", diz ele. O executivo cita ainda os segmentos de informática e de artigos eletrônicos como negócios que se desenvolvem a partir da demanda dos novos consumidores.

Diante do cenário otimista, a previsão do Via Shopping Barreiro para o segundo semestre é de expansão de 19% nas vendas em relação ao mesmo período de 2010, índice um pouco abaixo dos 22% de alta contabilizados entre janeiro e junho. De acordo com o diretor do empreendimento, o crescimento esperado para a segunda metade do exercício deve ser menor devido à forte base de comparação. "No ano passado tivemos um Natal muito aquecido", justifica.

Medidas - Ainda conforme o diretor Comercial, nem mesmo as as medidas macroprudenciais adotadas pelo governo federal, para conter o consumo e a inflação, reduziram o ritmo dos negócios no centro de compras.

A economista da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), Ana Paula Bastos, confirma a teoria de Ferreira e salienta que o varejo é o setor que está movimentando a economia nacional. E, conforme ela, essa tendência deve ganhar força com a redução da taxa básica de juros (Selic) de 12,5% para 12% ao ano.

Além de estar consumindo mais, os consumidores das classes C e D têm optado por produtos de maior valor agregado, o que significa maior rentabilidade para o lojista. O proprietário da Papelaria Brasília, com cinco lojas na Região Metropolitana de Belo Horizonte (Barreiro, Alípio de Melo, São Benedito, Hipercentro e Contagem), Fábio Barbosa, confirma a mudança de comportamento e revela que os clientes destas faixas de renda são responsáveis pela expansão de seu negócio, que deve fechar 2011 com crescimento de 5% a 8%.


Concorrência - Por outro lado, o bom momento vivido pelo comércio acirra a concorrência no setor. E na avaliação de Barbosa, que está há mais de 50 anos no mercado, o desafio é ainda maior, levando-se em consideração a dificuldade de fidelizar a clientela. A manutenção da qualidade do atendimento é outro gargalo enfrentado por ele. Devido à escassez de mão de obra qualificada, o empresário já pensa em fechar as portas de um de seus pontos de venda.

Embora o comércio voltado para as classes C e D tenha, de modo geral, se beneficiado do aumento do poder de compra dos novos consumidores, em alguns casos pode ser observado um movimento contrário. No Hipercentro da Capital, a ascensão econômica reduziu o ritmo das vendas, garante o presidente da Associação dos Comerciantes do Hipercentro de Belo Horizonte, Pedro Bacha.

Segundo ele, com maior acesso ao crédito, essas pessoas se endividaram para adquirir bens duráveis, como automóveis e eletrodomésticos. Com isso, atraí-los para o varejo de bens não duráveis se tornou um desafio. Além disso, ainda conforme Bacha, os lojistas da região sofrem com a falta de segurança na área, o que contribui para afastar mais ainda a clientela.


Veículo: Diário do Comércio - MG


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