Boa parte da renda das famílias é destinada à alimentação. Esses produtos considerados básicos ao consumidor comprometerão em média 16% do orçamento do paulista neste ano. O resultado é de previsão do Ibope, concedida com exclusividade à equipe do Diário. E a estimativa não é muito distante ao histórico da região. Em fevereiro, último registro da Pesquisa Socioeconômica da Universidade Municipal de São Caetano, 15,6% da renda dos domicílios de Santo André, São Bernardo e São Caetano foram gastos em comida dentro ou fora de casa.
Moradora de Santo André, a aposentada Amélia Francisca Moreno Maldonado conta que seu gasto com alimentação é bem parecido com a estimativa. Com sua aposentadoria, mais o salário de uma irmã que divide a residência, Amélia paga as despesas básicas. "esse percentual é para alimentação só de nós duas", contou.
MELHORA - O coordenador do Instituto de Pesquisas da USCS, Leandro Prearo, avaliou que a previsão de 16% do orçamento comprometido com comida, neste ano, é sinal positivo. "Se considerarmos o início da década de 1990, os consumidores da região gastaram quase 30% da renda com alimentação", explicou o pesquisador.
Este decréscimo de comprometimento da renda é, segundo Prearo, resultado da maior competição das empresas pelo mercado consumidor. Ele explicou que antes as famílias acabavam gastando mais com alimentos porque tinham poucas opções no mercado. Mas com a entrada de novas empresas, o maior número de produtos deixou os preços menores em comparação à renda das famílias, que cresceu bastante, contextualizou. O salário-mínimo, por exemplo, registra alta de 741% desde o início do Plano Real, em 1994.
A dona de casa de São Bernardo Amali Vanessa Julho disse que 15% do orçamento do domicílio vão para a alimentação. Autodenominada como consumidora da classe C, ela contou que o salário do marido é a renda responsável pela manutenção do casal e do filho.
Já a dona de casa Zenaide Cipolini Sandrini não conseguiu precisar quanto gasta com alimentação. "Meu marido que compra tudo", afirmou. Mas estimou que é um gasto relevante.
Zenaide explicou que por ser portadora de patologia que exige a restrição de açúcar, seu marido tem que desembolsar mais com produtos saudáveis ou lights. "Esses alimentos são, geralmente, um pouco mais caros."
Veículo: Diário do Grande ABC