Empresários defendem proteção à indústria

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A pesquisa de sondagem industrial elaborada pelo Centro de Pesquisas Econômicas da Faculdades de Campinas (Facamp), em parceria com o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) regional Campinas, abordou junto aos empresários no mês de setembro as ações adotadas pelo governo federal para proteger a indústria nacional. Os empresários enfrentam dificuldades com deterioração das condições econômicas da indústria regional pela redução da utilização da capacidade instalada de produção, queda na disposição para a manutenção e ampliação dos investimentos planejados, aumento da inadimplência, queda da lucratividade e de vendas, aumento nos custos de produção e redução na contratação de novos funcionários.

Com base nessas dificuldades, a sondagem procurou abordar com as empresas associadas ao Ciesp Campinas como foram vistas as medidas do governo para proteger a indústria nacional.

A pesquisa revelou que é consenso entre os entrevistados que cabe ao governo tomar medidas para a proteção comercial da indústria. Para 1/3 dos empresários consultados, as recentes medidas adotadas pelo governo, no sentido de aumentar o valor dos impostos de produtos importados são importantes, no entanto, cerca de 40% dos respondentes acreditam que seria necessário adotar medidas mais incisivas para enfrentar a situação como a restrição ou mesmo a proibição das importações consideradas desleais. Com relação a continuidade do processo de desvalorização do real 41% disseram não ter certeza da continuidade da desvalorização da taxa de câmbio para os próximos meses. Já para 38,5% dos entrevistados afirmaram não acreditar que o real continue a se desvalorizar e só 20,5% acham que a desvalorização continuará ocorrendo nos próximos meses.

O diretor-titular do Ciesp Campinas, José Nunes Filho, considerou uma postura equivocada por parte do governo o aumento de 30% para a alíquota do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) para os carros importados. Na avaliação dele seria mais sensato o governo reduzir a alíquota do IPI para os carros produzidos no Brasil e assim aumentar a produtividade o que iria forçar os importadores de veículos a antecipar a montagem das fábricas no país gerando emprego e produzindo esses carros no Brasil.

Com relação a perspectiva da indústria na região de Campinas, o diretor do Ciesp enfatizou que a postura do Copom, o Comitê de Política Monetária do Banco Central em reduzir a alíquota da taxa básica de juros da Economia Brasileira (Selic) pode representar uma importante medida se for mantida nas próximas reuniões favorável a produção. "Nós continuamos com o problema de uma tributação muito alta, pesada e cara e de falta de infraestrutura, mas pelo menos algo de bom está surgindo com a queda da taxa de juros e parece que é uma tendência disso para estimular a produção, por outro lado o que está acontecendo com o dólar é em função dessa crise internacional. Sempre que há uma crise o mundo corre para os títulos americanos, então isso provoca uma valorização do dólar , que é favorável à economia brasileira. Não sei por quanto tempo isso vai durar", diz.

A sondagem industrial do Ciesp e da Facamp indicou ainda que a maioria dos empresários respondentes, 92,3% acredita que o governo deve tomar medidas para proteger comercialmente a indústria nacional, 5,1% não têm certeza e apenas 2,6% não consideram que o Governo deve intervir com medidas de proteção comercial. Em relação a opinião dos empresários sobre as principais medidas que o governo deve tomar para defender a indústria nacional, 38,5% acreditam que o governo deve promovera restrição ou proibição de importações consideradas desleais. Em pesquisas anteriores, os empresários já haviam demonstrado insatisfação com relação a entrada de produtos industrializados, especificamente os chineses com preço abaixo do mercado. O aumento de impostos de produtos importados foi assinalado por 33,3% dos pesquisados como uma medida importante. Outros 12,8% afirmaram que deve ocorrer uma desvalorização do real em relação ao dólar, 12,8% disseram que outras medidas devem ser tomadas e somente 2,6% deles não acreditam que sejam necessárias medidas de proteção a indústria nacional.

Na avaliação do coordenador da pesquisa, professor Rodrigo Sabbatini, a sondagem deixou claro que os empresários de maneira geral entendem que o governo deve tomar medidas para salvaguardar a indústria nacional. "Não necessariamente essas que foram tomadas como o aumento do IPI, mas alguma coisa precisa ser feita para combater a concorrência desleal que tem crescido de maneira expressiva e perigosa nos últimos meses".

Para Rodrigo Sabbatini, os empresários da região de Campinas estão em expectativa quanto a 2012, de olho no rumo da crise internacional, que interfere nas decisões dos negócios e em especial a questão do câmbio. " Acho que se mantivermos o câmbio um pouco desvalorizado isso pode estimular os negócios". A sondagem identificou ainda que quanto a utilização da capacidade instalada de produção, 56,4% dos empresários utilizaram entre 70,1% e 100% de sua capacidade instalada. Este número é 6,6 pontos percentuais menor do que o verificado no mesmo período do ano passado e 18 pontos percentuais maior do que o verificado no mesmo mês de 2009.


Veículo: DCI


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