Alimento e combustível puxam inflação para baixo

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Os preços dos alimentos e dos combustíveis estão ajudando a puxar a taxa de inflação de outubro para baixo e já levaram os analistas de mercado a reduzir levemente suas estimativas para o IPCA do ano. Ontem, o Boletim Focus - pelo qual o Banco Central coleta estimativas do mercado para uma série de indicadores - mostrou que, após se manter em 6,52% por quatro semanas seguidas, a mediana de estimativas dos analistas consultados recuou para 6,5% - dentro, portanto, do teto da meta de inflação estipulada pelo BC.

Pelos dados do Índice de Preços ao Consumidor -Semanal (IPC-S) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulgados ontem, o recuo no ritmo de alta dos preços continuou na terceira semana de agosto. O IPC-S recuou de 0,39% para 0,31% entre a segunda e a terceira medição de outubro, puxado por taxas menores em seis dos sete grupos que o compõem.

O grupo de transportes registrou deflação e ficou em menos 0,02% na terceira semana de outubro, após alta de 0,13% na leitura anterior. O álcool combustível deixou elevação de 0,53% para queda de 0,26% no período, e gasolina saiu de variação nula para retração de 0,19%. "Como esses dois itens pesam muito, essa queda não passa despercebida", diz André Braz, economista da Fundação Getulio Vargas.

Alimentos também ajudaram - a inflação do segmento passou de 0,17% para 0,03% entre a segunda e a terceira semana de outubro. Braz espera que o recuo na taxa dos alimentos dentro do IPC-S se mantenha até o fim do mês, mas a tendência é que os preços do grupo voltem a ter aceleração na segunda quinzena de novembro.

Para o economista Thiago Curado, da Tendências Consultoria, a surpresa com a desaceleração do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15) de outubro motivou a revisão para baixo das expectativas de inflação para 2011 no boletim Focus.

O IPCA-15 de outubro teve recuo pouco maior do que o esperado pelos economistas em relação a setembro. O indicador se desacelerou de 0,53% para 0,42%, graças à suavização do ritmo de alta dos alimentos. Após a divulgação do índice, Curado revisou de 0,50% para 0,45% sua projeção para o IPCA de outubro, mas ainda não mexeu em sua estimativa de IPCA acima do teto da meta - em 6,6% - para 2011.

A economista Alessandra Ribeiro, também da Tendências, entende que a mudança do humor do mercado com relação ao comportamento do IPCA em 2012 está associada às persistentes quedas da previsão de crescimento da economia e, por consequência, de desaquecimento da demanda por bens e serviços.

Já o motivo que levou o mercado a rever para baixo a inflação projetada para 2011 foi outro. A mediana voltou a ficar dentro do intervalo da meta principalmente em função do comportamento dos preços dos alimentos, "que foi menos ruim do que o esperado", diz.


Veículo: Valor Econômico


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