Inflação deve baixar de 6% em 12 meses até março de 2012

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O cenário inflacionário se mostra benéfico a cada divulgação de novos indicadores. Ontem, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) publicou o Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI), o qual considera apenas itens dispensáveis de importação. No mês de outubro, o indicador registrou alta de 0,40%. O resultado denota desaceleração em relação a setembro, quando foi observado aumento de 0,75%, e a outubro de 2010, acréscimo de 1,03%. No ano, a taxa é de 4,72% e, em doze meses, 6,78%.

Segundo José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator, a perspectiva de que a inflação oficial, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), termine 2011 dentro da meta estipulada pelo Banco Central (BC) ganha força com os novos dados. Na próxima sexta-feira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgará o IPCA para o mês de outubro. O economista vislumbra, que após o anúncio, a inflação em 12 meses ficará abaixo de 7%. "Caso o ambiente atual se mantenha, em março o IPCA estará menor que 6%", afirma Gonçalves.

Entre os fatores que influenciaram a diminuição do ritmo de expansão dos preços estão as quedas do dólar e dos preços de commodities agrícolas. Segundo Salomão Quadros, superintendente do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre-FGV), estes atores do mercado tiveram impacto menor na inflação. "A alta do dólar em setembro está com efeito terminal", comenta. "Os produtos agrícolas perderam preço no mercado internacional. Eles também contribuíram para a desaceleração do indicador", complementa.

O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), subindicador que possui maior peso na composição do IGP-DI, registrou alta de 0,48% no mês, apresentando subtancial desaceleração. Há um mês, foi observado aumento de 0,94% dentre os produtos do IPA.

As Matérias-Primas Brutas, integrante do IPA onde pode ser observada a variação de preços de insumos agrícolas, recuaram de 2,44%, em setembro, para 0,44% em outubro. Alessandra Ribeiro, economista da Tendências Consultoria, explica que os movimentos negativos das commodities e do dólar confluíram para esta retração.

Segundo cálculos apresentados pela economista, em apenas um mês, a soja perdeu 4,15% de seu valor em reais. O milho e o açúcar cristal, sob a mesma análise, caíram 3,65% e 4%, respectivamente. Responsabilizadas pela escalada inflacionária observada no final de 2010, as commodities devem apresentar comportamento moderado ao término deste ano. "Deveríamos estar em um período de alta desses produtos, mas a crise internacional tem forçado a retração dos preços. É realmente algo fora do padrão", afirma Ribeiro.

Entre os outros indicadores que compõem o IGP-DI, estão o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) - com alta de 0,26% em outubro, ante aumento de 0,50% em setembro - e o Índice Nacional do Custo da Construção (INCC) - com aceleração de 0,14%, no mês anterior, para 0,23%.

Após os índices divulgados ontem, como Gonçalves, Alessandra Ribeiro indica que as chances da inflação terminar o ano dentro da meta estão maiores que em outros meses. "Esperamos que o IPCA feche 2011 em 6,6%, mas é possível que o BC não tenha que justificar o estouro da meta", diz.

Para o economista-chefe do Banco Fator, o cenário proposto pelo BC, no qual a crise internacional se responsabilizaria pela desaceleração do ritmo inflacionário, se confirmou. "O mercado acaba de dar nota alta ao Banco Central", comenta. Gonçalves utiliza os prêmios pagos pelos contratos futuros de Depósito Interbancário (DIs), comercializados na BM&FBovespa. Após o final das negociações, os contratos com vencimentos de dez anos perderam 0,11 ponto percentual, rendendo 10,90% ao ano. O movimento indica que o mercado acredita em futuros cortes na Taxa Básica de Juros. Os que possuem vencimento para janeiro também já precificam outro redução de 0,5 ponto percentual na taxa Selic. Terminaram a terça-feira rendendo 11,06% ao ano. "O ritmo de cortes pode ser maior do que esperávamos", afirma José Francisco Gonçalves.

Prévia

No mesmo dia, a FGV divulgou a primeira prévia do mês do Índice de Preços ao Consumidor. O IPC-S registrou alta de 0,34% entre a segunda semana de outubro e a primeira de novembro. Há uma semana, o indicador mostrou aumento de 0,26%.

Entre os responsáveis para a aceleração do indicador, estão os Alimentos (de 0% para 0,34%), Educação, Leitura e Recreação (de 0,30% para 0,42%), Vestuário (de 0,76% para 0,87%) e Transportes (de -0,1% para -0,06%). Habitação (de 0,53% para 0,45%), Saúde e Cuidados Pessoais (de 0,39% para 0,33%) e Despesas Diversas (de 0,15% para 0,11%) seguiram no sentido oposto e contribuíram para que o indicador não registrasse maior inflação.


Veículo: DCI


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