BNDES quer priorizar conteúdo nacional

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Segundo o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, o financiamento pode aumentar em projetos com maior proporção de equipamentos nacionais


O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) está inclinado a elevar a participação em financiamentos nos projetos que contarem com maior proporção de equipamentos de conteúdo nacional, segundo seu presidente, Luciano Coutinho.

Na prática, a iniciativa poderia ajudar a conter possíveis impactos negativos do aumento das importações devido à relação cambial, além de estimular a indústria local. Segundo Coutinho, o BNDES não precisaria mudar regras de financiamento e sim avaliar, de forma aprofundada, o conceito de conteúdo local em cada projeto. Recentemente, o banco notou enfraquecimento de participação da indústria nacional por "utilização de critérios não tão precisos de avaliação da produção e da agregação de valor". "Às vezes, inflam-se determinados custos para dizer que são conteúdo local e enxerta-se mais importação. Essas distorções oportunistas, que vieram com a apreciação do câmbio, precisam ser corrigidas", explicou.

Assim, quem se dispusesse a conceder maior porcentual de conteúdo local em um empreendimento, dentro das regras do BNDES Finame, por exemplo, poderia dispor de cobertura maior do banco no total financiado. "Posso dar porcentual de financiamento maior para quem agrega mais. O teto (da cobertura) varia, mas a exigência mínima de conteúdo local é de 60%. Então quem agregar mais, posso dar cobertura maior. Essa poderia ser uma possibilidade, mas isso é apenas uma hipótese, não quero adiantar", afirmou, após participar de evento da IBM ontem, no Teatro Municipal, no Rio, sobre cidades inteligentes.

No primeiro semestre, o BNDES já havia aventado a hipótese, quando renovou o Programa de Sustentação do Investimento (PSI).

O ambiente de turbulência na Europa pode oferecer uma janela de oportunidade para a iniciativa privada brasileira. Para Coutinho, embora o setor bancário global apresente sinais negativos, o mesmo não se pode dizer do ambiente empresarial mundial. "O setor corporativo está relativamente bem e saudável, tanto na Europa como nos Estados Unidos. E o setor corporativo tem saúde financeira e vai precisar investir em economias que estejam crescendo e que tenham potencial de sustentação do investimento", afirmou, acrescentando que o Brasil poderia ser uma opção nesse contexto.

Coutinho foi questionado se o ambiente de incerteza externa poderia conduzir à fuga de capitais estrangeiros no Brasil, devido à perspectiva de cautela em investimentos em momentos de crise. Ele afirmou que esta análise seria correta se o setor corporativo se encontrasse em situação difícil. "Estamos vendo o ingresso de investimento estrangeiro reforçado em várias áreas. A cadeia de óleo e gás é uma obviedade, já tem atraído muitos investimentos. A indústria automotiva também. O que precisamos fazer é ter política acolhedora em relação ao investimento direto estrangeiro", frisou.


Veículo: O Estado de S.Paulo


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