Saldo cambial ficou em US$ 65 bilhões, só abaixo dos US$ 87 bilhões de 2007
Exportações em alta e enxurrada de recursos para o mercado financeiro foram os responsáveis pelo resultado obtido
O aumento nas exportações brasileiras e a enxurrada de recursos para o mercado financeiro no primeiro trimestre do ano passado fez o saldo cambial alcançar o segundo maior patamar da história em 2011.
A diferença positiva entre a quantidade de dólares que entrou no Brasil e o montante que deixou o país foi de US$ 65,27 bilhões no ano passado, abaixo apenas do registrado em 2007, de US$ 87,45 bilhões.
O resultado foi impulsionado pelas vendas de produtos ao exterior. A diferença entre exportações e importações foi positiva em US$ 43,95 bilhões.
Já a diferença entre a entrada e saída de recursos para o setor financeiro foi de US$ 21,32 bilhões, reflexo do grande fluxo registrado no primeiro trimestre do ano passado, antes do agravamento da crise europeia e de medidas do governo federal que encareceram esses investimentos.
Somente até março, esse valor era positivo em US$ 31,35 bilhões.
No término daquele mês, preocupado com o dólar cada vez mais baixo, o governo instituiu a cobrança de IOF em empréstimos no exterior.
Em agosto, passou a taxar investimentos em derivativos, que são as operações para evitar prejuízos ou obter ganhos com a variação futura de moedas e produtos com cotações no mercado.
As medidas ajudaram a esfriar o ingresso da moeda.
2012
Especialistas acreditam que o saldo cambial alto não será repetido neste ano por conta da crise econômica, que afetará tanto a conta comercial quanto a financeira.
A estimativa é de redução nas exportações, resultado da desaceleração global e da queda no preço de commodities. Além disso, as turbulências afugentam investidores, e a entrada de recursos para o mercado financeiro deve continuar caindo.
Para o diretor-presidente da NGO Corretora, Sidnei Nehme, o saldo deste ano deverá ser ainda positivo, mas pequeno. "Será um ano muito mais complicado do que 2011 porque vamos ter que pagar a fatura da crise. Vejo um ano difícil para o fluxo cambial, o que naturalmente terá reflexo na taxa de câmbio e no aumento do dólar", afirmou.
Veículo: Folha de S.Paulo