Economia mundial vai desacelerar substancialmente em 2009, diz BIS
O presidente do Banco Central (Bc), Henrique Meirelles, afirmou ontem que está havendo uma paulatina retomada do crédito em razão das medidas tomadas pelo governo. "Estamos vendo uma gradativa recuperação do crédito, que não atingiu os níveis anteriores à falência do Banco Lehman Brothers, mas já está se recuperando gradualmente."
Meirelles referia-se a uma série de ações, como a liberação dos depósitos compulsórios dos bancos, de R$ 47 bilhões. O BC já manifestou que esse montante tem o potencial de alcançar ate R$ 160 bilhões. Conforme disse Meirelles na semana passada, o BC liberou US$ 14 bilhões para injetar liquidez no mercado, em leilões de dólares com recursos das reservas, com recompra, com garantias de Global Bonds para o comércio exterior e garantias de contratos de ACC e ACE.
Ainda segundo Meirelles, no dia 6 outros US$ 26 bilhões foram usados para reduzir a volatilidade no câmbio - US$ 24,5 bilhões na venda de swap cambial e US$ 1,5 bilhão pela não rolagem de swap reverso.
De acordo com economistas de bancos, empresários já começam a retomar gradualmente os investimentos, pois avaliam que os efeitos da crise financeira internacional estão passando aos poucos e, com medidas do governo, tais como a não elevação dos juros pelo BC, no dia 29 de outubro, há uma perspectiva de que a concessão de financiamentos às companhias comece a se normalizar no começo do primeiro trimestre de 2009.
MUNDO
A economia mundial vai desacelerar "substancialmente" em 2009. Esse foi um dos consensos a que chegaram os representantes de cerca de 40 BCs que estiveram reunidos em São Paulo para o encontro bimestral do Banco de Compensações Internacionais (BIS, em inglês), segundo relatou Meirelles.
De acordo com ele, é aguardado até que os países industrializados tenham contração no Produto Interno Bruto (PIB). "Os emergentes continuam a crescer, mas a taxas menores", disse ele. Outro consenso dos BCs é que o mercado melhorou desde o início de outubro, mas ainda está longe da normalidade.
O presidente do BC salientou que a decisão de medidas anticíclicas dependem da situação de cada país. Ele citou como referências a conta corrente, as reservas internacionais e as contas públicas. "Cada país adota medidas convenientes para a sua economia."
De acordo com ele, o governo tem adotado medidas para preservar o País dos efeitos da crise e, entre outras, citou a liberação dos compulsórios. Meirelles lembrou que a crise começou em países desenvolvidos, mas, pelos canais de crédito atingiu os emergentes. Ele voltou a dizer que o Brasil tem uma posição relativamente melhor que alguns outros países e também do que a sua no passado. "Ninguém é imune à crise", disse.
INFLAÇÃO
Meirelles reafirmou que o centro da meta de inflação para 2009 é 4,5%. Logo cedo, a Andima, no relatório do Comitê de Acompanhamento Macroeconômico, avaliou que um ajuste na meta de inflação para 2009 "deve ser considerado uma possibilidade concreta".
Alguns analistas avaliam que será difícil para o BC levar o IPCA de 2009 para o centro da meta, em razão de alguns fatores, como a desvalorização recente do real ante o dólar.
A Andima projeta que IPCA chegará a 5,23% no ano que vem, enquanto a Pesquisa Focus divulgada ontem apontou que as expectativas para o IPCA em 2009 subiram de 5,06% para 5,20%. "A meta de inflação para 2009 é de 4,5%", reforçou o presidente do BC.
Veículo: O Estado de São Paulo