Alimentos e bebidas terão peso menor no IPCA

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Nova metodologia de cálculo tende a puxar para baixo a participação do grupo e favorecer a queda do índice oficial de inflação este ano



A metodologia que passará a ser usada para medir a inflação este ano tende a puxar para baixo o peso do grupo Alimentação e Bebidas, um dos grandes vilões de 2011, na formação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Porém, os constantes aumentos de preços da atividade acabam fazendo com que os gastos com alimentação voltem a ganhar importância no IPCA ao longo dos meses, aumentando a suscetibilidade do índice à volatilidade do setor.

A expansão da renda no País modificou os hábitos de consumo nos últimos anos. Satisfeitas as necessidades com alimentos, o brasileiro tem aproveitado para destinar parte do orçamento para aquisição de serviços e bens duráveis, por exemplo. A tendência foi detectada na última Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2008-2009, e muda agora a base de cálculo da inflação pelo IPCA. A inflação de janeiro será divulgada daqui a um mês, já pela nova fórmula de cálculo.

Se a variação de preços entre 2009 e 2011 tivesse sido zero, o novo peso do grupo Alimentação e Bebidas seria o da POF 2008-2009, de 22,09%. Mas, como houve inflação acentuada no triênio, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ajustou o número de acordo com a oscilação do período.

O peso definitivo do grupo no cálculo do IPCA de janeiro deste ano, o primeiro mês a ser calculado sob a nova metodologia, é de 23,12%. O resultado ficou pouco abaixo do peso do grupo na inflação de dezembro de 2011 (23,46%), que tinha como base a antiga POF 2002-2003. "A inflação nos preços dos alimentos é o que aumenta a participação do grupo no IPCA", disse Irene Machado, gerente da Coordenação de Índices de Preços do IBGE.

Na passagem de dezembro de 2011 para janeiro de 2012, cinco entre nove grupos que compõem o IPCA perderam peso no cálculo da inflação: Alimentação e Bebidas, Vestuário, Despesas Pessoais, Educação e Comunicação. Entretanto, quando a comparação é feita em relação à POF 2008-2009, a tendência é inversa, e seis grupos ganharam peso no cálculo: Habitação, Vestuário, Saúde e Cuidados Pessoais, Despesas Pessoais e Educação, além de Alimentação e Bebidas.

As ponderações definitivas para o cálculo da inflação ficaram dentro do esperado pelo mercado. Com base nas estruturas divulgadas pelo IBGE em 28 de novembro, analistas já tinham feito cálculos para achar os pesos definitivos de itens e grupos, levando em consideração a POF e o efeito da inflação desde fevereiro de 2009. Portanto, os dados definitivos, publicados ontem pelo IBGE, não devem mudar as projeções para o IPCA em 2012.

Resultado. "A mudança veio dentro do esperado. Seguimos com nossa projeção de 5,45% para o IPCA deste ano", disse a economista Alessandra Ribeiro, sócia da Tendências Consultoria.

A Concórdia Corretora também manteve a previsão para a inflação pelo IPCA em 2012, aos 5,2%. "Aquela tabela divulgada em novembro já estava quase completa, e no ano passado a inflação acabou terminando mesmo no nível que esperávamos", observou o economista-chefe da Concórdia, Flávio Combat.

Segundo o economista-chefe da Prosper Corretora, Eduardo Velho, a divulgação das novas ponderações, em novembro, já teve o efeito de puxar para baixo as previsões para 2012. Por isso, o mesmo não deve ocorrer agora. A Prosper manteve em 5,22% sua projeção para 2012.



Veículo: O Estado de S.Paulo


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