Faturamento da indústria cresce mais que produção

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O faturamento real da indústria aumentou 2,2% em novembro do ano passado, em relação a outubro, com ajuste sazonal. Foi a maior alta mensal desde fevereiro de 2011, segundo a pesquisa "Indicadores Industriais", divulgada ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

A produção do setor, no entanto, não segue o mesmo ritmo. A alta foi de apenas 0,3% no mesmo período. Em novembro, a utilização da capacidade instalada ficou praticamente estável e, frente ao mesmo mês do ano anterior, caiu 1,2 ponto percentual - a maior queda desde outubro de 2009.

Os piores resultados foram registrados pelas empresas dos segmentos de couros e calçados, produtos de metal, borracha e plástico e alimentos e bebidas. A indústria operou, em média, com 81,5% da capacidade instalada em novembro, o que revela "relativa estabilidade" - alta de 0,1 ponto percentual em relação a outubro - após dois meses de queda, informa a pesquisa.

O indesejável acúmulo de estoques ao longo do ano e a incorporação de bens importados na produção são algumas das explicações da CNI para o descompasso entre faturamento e atividade industrial, que se agravou em 2011. "A queda nos números de produção indica que a indústria está estagnada. Falta investimento no setor e a demanda está sendo desviada, em parte, para produtos importados", avalia Marcelo de Ávila, economista da CNI.

Após uma sequência de baixas, o indicador de horas trabalhadas subiu 0,2% em novembro sobre o resultado de outubro e o de emprego ficou estável. Esses números foram considerados positivos pela CNI, por que interrompem a série de resultados negativos. Apesar disso, o número de horas trabalhadas na produção ficou 2,5% inferior ao mesmo mês de 2010. Esse foi o maior recuo registrado pela pesquisa desde novembro de 2009.

A CNI acredita em uma "recuperação gradual da atividade" e defende ações do governo para elevar as condições de competição da indústria brasileira. O gerente de políticas econômicas da entidade, Flávio Castelo Branco, afirmou que um "ritmo mais forte de crescimento talvez só venha a se concretizar em meados do ano". Mesmo com essa retomada da atividade, Ávila acredita que ainda haverá descompasso com o faturamento.

No acumulado até novembro, o setor de couros e calçados garantiu faturamento 19,3% superior ao registrado em igual período de 2010. Por outro lado, a utilização da capacidade instalada foi 3,7 pontos percentuais menor, o que representa a maior queda entre as indústrias de transformação.

O mesmo aconteceu com as empresas de produtos de metal, que tiveram 15,3% a mais de ganhos, mas com uso de capacidade 0,3 ponto percentual abaixo do verificado no período anterior. Outros exemplos são o setor de material eletrônico e de comunicação, além de indústrias de equipamentos de transporte, exceto veículos automotores.


Veículo: Valor Econômico


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