IPCA acelera e registra alta de 0,56% em janeiro

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Alimentos deram maior contribuição.


O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acelerou e registrou alta de 0,56% em janeiro, pressionado pelos alimentos e bebidas, segundo dados divulgados na sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)). A taxa é superior à verificada em dezembro, quando o indicador avançou 0,50%, mas inferior à do mesmo mês de 2011 (0,83%). No acumulado dos 12 meses, a variação chega a 6,22%, abaixo do teto da meta do Banco Central (BC) para este ano, que é de 6,5%.

Entre os índices regionais, Rio de Janeiro (1,11%), Brasília (0,77), Belo Horizonte (0,66%), Belém (0,61%) e São Paulo (0,53) foram as regiões metropolitanas que apresentaram maior inflação em janeiro.

Essa foi a primeira divulgação do IPCA com a nova estrutura de pesos, que incorpora os resultados dos gastos de consumo da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2008-2009. A mudança foi feita para refletir melhor o novo perfil de gastos do consumidor brasileiro. Saíram do cálculo da inflação, por exemplo, a máquina de costura, o chuchu e o chope. Em seus lugares, entraram itens como salmão e o pacote combo de TV paga e internet.

"A atualização é feita por todos os países e a recomendação da ONU (Organização das Nações Unidas) é que ela ocorra de cinco em cinco anos, já que os hábitos não mudam rapidamente. A atual estrutura reflete o aumento do poder aquisitivo da população", explica a coordenadora da pesquisa, Eulina Nunes dos Santos.


Pressões - A maior parte do índice de janeiro foi decorrente dos grupos alimentação e bebidas, que tiveram alta de 0,86%, e transportes (0,69%). Mesmo assim, os alimentos tiveram queda, ante os 1,23% observados em dezembro. A queda teve o impacto da redução dos preços das carnes, que caíram 0,64%, contra uma alta de 4,11% no mês anterior.

Contribuíram ainda para o desempenho do grupo de alimentos variações nos preços do açúcar cristal (de -0,94 para -1,23%), do leite longa vida (-1,41% para -1,13%), do pão francês (0,91% para -0,30%) e do frango em pedaços (de 1,65% para 0,13%).

Por outro lado, houve alta nos preços do feijão carioca (8,84% para 15,06%), cenoura (de -4,95% para 11,29%), tomate (de 1,04% para 8,09%), batata-inglesa (de -4,46% para 8,01%), feijão preto (de 0,55% para 5,42%) e hortaliças (de -1,46% para 4,56%).

"De acordo com os pecuaristas, o consumo de carne em janeiro, mês de férias escolares, é menor do que em dezembro, quando há o período de festas. E a seca obrigou a aumentar o volume de abate, o que se refletiu nos preços" explicou Eulina.

Transportes - Enquanto os alimentos contribuíram para queda do IPCA, os transportes seguiram na direção contrária e apresentaram inflação de 0,69% em janeiro contra 0% em dezembro. Neste grupo de despesas, o maior impacto veio das tarifas dos ônibus urbanos, na maior influência individual do mês, com 2,54% de aumento. O reajuste de 10% nas tarifas de ônibus do Rio foi o que mais impactou. Também houve aumento em Belo Horizonte (7,75%) e em Recife (1,61%).

As tarifas dos ônibus intermunicipais (de 0,54% para 3,24%) responderam pela segunda maior variação no grupo. Também pressionou o aumento das passagens aéreas, que saíram de queda de 2,05% em dezembro para alta de 10,61% no mês passado.

"Os reajustes dos ônibus urbanos costumam acontecer logo no começo do ano, e devem ter ainda resíduos no resultado de fevereiro. Já as passagens aéreas, hotéis e excursões sofreram ainda um "efeito férias".

Na outra ponta, o preço dos combustíveis caiu de 0,35% para -0,45%. Já a gasolina passou de alta de 0,30% para queda de 0,35%, enquanto o etanol caiu 1,25% em janeiro, após registrar aumento de 0,74% um mês antes.


Habitação - O preço de moradia também ficou mais alto em janeiro deste ano. A inflação da habitação situou-se em 0,53% em janeiro, representando avanço em relação a alta de 0,45% em dezembro. A alta decorreu em virtude do preço dos aluguéis (de 0,71% para 1,30%), condomínio (0,74% para 0,78) e taxa de água e esgoto (de 0,04% para 0,26%).

No grupo dos artigos de residência (de -0,87% para 0,16%), a principal pressão foi exercida pelos eletrodomésticos (de -2,68% para 0,88%), enquanto que em despesas pessoais (0,68% para 0,71%), os destaques foram: hotel (de -0,15% para 4,01%), costureira (de 0,49% para 1,41%) e manicure (de 0,88% para 1,65%).

A taxa do grupo educação (de 0,05% para 0,39%) foi influenciada pelo resultado dos cursos regulares (0,35%), que refletiu os reajustes dos colégios da região metropolitana de Porto Alegre (4,37%). Quanto à comunicação (de 0,07% para 0,21%), a alta foi em virtude do telefone fixo (de 0,22% para 0,84%), cujas tarifas foram reajustadas em torno de 2% a partir de 22 de dezembro. Os artigos de vestuário (de 0,80% para 0,07%), por sua vez, ficaram abaixo de dezembro, assim como o grupo saúde e cuidados pessoais (de 0,44% para 0,30%).



Veículo: Diário do Comércio - MG


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