Consumo cresce, mas não ajuda indústria

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Cálculo mostra que demanda por manufatura no ano passado foi suprida por produtos estrangeiros mais baratos

Setor deve continuar com desempenho fraco e se expandir só 1,9% em 2012, estima economista de banco

O consumo brasileiro cresceu em 2011, mas não beneficiou a indústria nacional. Cálculo do banco Credit Suisse revela que toda a expansão da demanda por manufaturados no ano passado foi suprida por importações.

Diante de produtos estrangeiros mais baratos e, muitas vezes, de melhor qualidade, houve aumento da demanda por roupas, veículos, máquinas e insumos importados.

O cálculo da quantidade de bens industriais consumida no país feito pelo banco inclui tudo o que foi produzido localmente e importado. Do resultado dessa conta é descontada a parcela da produção que foi exportada e, portanto, consumida fora.

Em 2011, a produção da indústria da transformação (que exclui os segmentos extrativos, como mineração e petróleo) ficou quase estagnada, enquanto suas exportações tiveram leve alta.

Já o volume de manufaturados importados cresceu mais do que o consumo, suprindo o aumento de demanda e conquistando o mercado da indústria doméstica.

Os dados indicam que o crescimento do consumo não significa, necessariamente, mais produção industrial. "Quanto menos competitiva for a indústria, mais cresce a importação e mais cai a produção", diz Nilson Teixeira, economista-chefe do banco.

Em 2011, foi a primeira vez em cinco anos que os importados supriram todo o aumento de consumo de industrializados. No ano anterior, a indústria nacional tinha atendido mais da metade da expansão da demanda.

Os fatores que reduzem a competitividade da indústria -carga tributária elevada, infraestrutura ruim, excesso de burocracia- são de difícil solução, observa Julio de Almeida, consultor do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial).

REAL VALORIZADO

Mas a valorização do real e a crise externa agravaram o cenário ao criar um excesso de oferta de manufaturados baratos no mundo, afirma Teixeira. "Nossa falta de competitividade está nua", diz.

O economista prevê um 2012 melhor para a indústria, mas ainda fraco. Sua projeção é que neste ano os importados vão suprir quase 80% do crescimento do consumo.

Segundo ele, medidas adotadas pelo governo, como tributação maior de carros com componentes importados, vão beneficiar a indústria.

Ainda assim, estima, o setor industrial deve crescer apenas 1,9% neste ano, limitando a expansão do país a 2,5% -índice bem abaixo da projeção do governo (4,5%).



Veículo: Folha de S.Paulo


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