Cotações dos alimentos devem seguir em elevação

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As cotações internacionais dos produtos alimentícios, que dobraram nos últimos dez anos, devem seguir em alta, segundo análise do presidente da Brasoja, Antônio Sartori. O petróleo, segundo ele, apresentou elevação dez vezes superior no mesmo período e que, pela sua influência na logística e nos insumos, o combustível segue forçando essa tendência de alta dos alimentos.

À frente da corretora de cereais, Sartori classifica o cenário como “agroinflação”. “Existe uma relação direta entre o petróleo e as commodities agrícolas, que nos últimos dez anos dobraram de preço. Só que, nos 20 anos anteriores a esse período, os valores caíram. Agora apenas se está recuperando o que tínhamos há 30 anos”, argumentou ele, no Tá na Mesa, promovidopela Federasul. Para Sartori, embora a sociedade reclame dos preços dos alimentos, os custos atuais ao consumidor final não são altos. Para ele, o quilo do frango próximo a R$ 2,00 e os preços cobrados pela farinha de milho e pelos subprodutos do trigo são exemplos de como a alimentação tem custo acessível atualmente.

A estimativa de que entre 2010 e 2020 a população mundial aumente em 700 milhões de pessoas reforça a tese de Sartori sobre a tendência de alta dos alimentos mesmo que nesse mesmo período, a parcela da população que vive com menos de US$ 2,00 ao dia passe de 720 milhões para 1,5 bilhão de pessoas. “A velocidade do aumento do consumo é superior à velocidade do aumento da produção. Consequentemente trazemos os estoques para baixo e levamos os preços a patamares mais altos. Realmente é explosivo o que pode acontecer”, salientou.

Ao avaliar o mercado gaúcho da soja, Sartori ressaltou que a estiagem deve provocar uma queda significativa das exportações do Estado. Segundo ele, o volume, que no ano passado foi de 5,85 milhões de toneladas, não deve ultrapassar 1,8 milhão de toneladas neste ano, com um impacto direto na economia gaúcha. Ele observou que hoje os produtores gaúchos conseguem negociar a soja a R$ 53,00 a saca, quando no ano passado, nessa mesma época, o preço era de R$ 44,00. Alta que, na sua avaliação, não compensa as perdas da produtividade.

Sartori evitou fazer projeções para as safras futuras da oleaginosa, já que o número de fatores que interferem nas tomadas de decisão dos produtores é muito grande, o que torna o mercado “muito volátil e perigoso”. Observou, porém, que existe uma tendência de antecipação da comercialização da soja a ser plantada nesse ano pelo sistema troca-troca (em que as cooperativas fornecem sementes e insumos pela colheita futura). “Hoje existiria no Rio Grande do Sul comprador pagando R$ 54,00 a saca, mas o produtor ainda não está vendendo, já que há a expectativa de preços dolarizados mais altos”, lembrou, fazendo referência à estiagem que aflige os Estados Unidos, a pior desde 1930. “O plantio lá deve começar na segunda metade de abril e a antecipação da venda da safra no Estado deve começar nas próximas semanas. No ano passado isso só foi feito em agosto”, disse ele, ao indicar que na região Centro-Oeste, onde os produtores estão mais endividados e os custos logísticos são maiores, 50% das lavouras que serão plantadas em 2012 já foram negociadas a R$ 50,00 a saca.


Veículo: Jornal do Comércio - RS


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