Comércio prevê vendas maiores e ganhos de produtividade em 2012

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A Confederação Nacional do Comércio (CNC) projeta ganhos de produtividade para 2012. A entidade prevê um crescimento de 6,7% no volume de vendas e de 4,1% no emprego do setor varejista. Essa relação entre vendas e emprego é maior que a registrada em 2011, quando o úmero de empregados no varejo subiu 5,87%, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), enquanto as vendas aumentaram 6,6%.

Essa tendência de menor relação entre emprego e faturamento no setor é explicada, segundo a CNC, pela ampliação do comércio eletrônico, além de "ganhos de escala" propiciados pelas fusões no setor, entre outras razões. "As vendas eletrônicas têm alta produtividade e esse comércio necessita de menos contratações", diz a economista da CNC, Marianne Lorena Hanson. "O comércio eletrônico, acrescenta, tem apresentado um crescimento acima do registrado no comércio varejista comum", com destaque para o ramo de vestuário.

Recentes aquisições e fusões de empresas também contribuem para que as vendas do comércio varejista cresçam mais que o número de empregados no setor, segundo o presidente do Sindicato dos Comerciários de São Paulo, Ricardo Patah. Essa movimentação no mercado causa redução de vagas e aumento da competitividade das empresas envolvidas.

Na comparação com o ano anterior, o varejo vendeu 12,2% a mais em 2010, enquanto o emprego no setor cresceu 8,6%. Em 2009, as vendas subiram 6,8%, e o emprego, 5,8%. Para 2012, a projeção é que as vendas de bens duráveis cresçam 11,8%, segundo o estudo da CNC.

Com a redução da carga tributária para móveis e produtos da "linha branca", como geladeira e fogão, esse ramo do comércio varejista deve vender 17,2% a mais que no ano passado. O incentivo deve se refletir ainda em maior criação de empregos formais. A projeção da CNC é que o número de empregados em e móveis e eletrodomésticos cresça 7,4% em 2012 em relação ao ano anterior. Em 2011, o emprego no setor subiu 5%.

Importante variável no consumo, o crédito ainda não cresceu da forma esperada, diz a CNC. A contínua queda da taxa básica de juros, a Selic, e a recente redução dos juros cobrados ao consumidor por bancos públicos e privados podem não ter grandes efeitos no comércio, principalmente, por causa do endividamento das famílias. "Boa parte das ações dos bancos foi em crédito de curto prazo, como cartão de crédito e cheque especial", afirma Marianne.

A redução do spread bancário (diferença entre o custo dos bancos para captar recursos e as taxas cobradas por eles) pode incentivar a renegociação de dívidas pelos brasileiros, segundo a CNC. "Conseguindo reduzir a taxa de juros, o consumidor tem uma folga maior no orçamento e isso pode se transformar em compras", ressalta a economista. Além disso, segundo a entidade, a intenção de consumo do país vem se recuperando em um ritmo mais lento, apesar do aumento da renda acima da inflação e da baixa taxa de desemprego.

O aumento do salário mínimo neste ano, segundo a CNC, terá um impacto maior no aumento de vendas de produtos não duráveis, como alimentos, bebidas e combustíveis. A projeção é que haja 4,6% de crescimento no consumo de não duráveis. Em relação ao emprego, o ramo deve elevar o número de trabalhadores em 3,9%.

Assim como em 2011, a maior contribuição para a geração de postos de trabalho formal no varejo neste ano deve ser no setor de móveis, eletrodomésticos, hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas, além de material de construção.

 

Veículo: Valor Econômico


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