Sob pressão do atacado, IGP-M sobe para 0,89%

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Aumento dos preços da soja e do dólar eleva índice usado para reajustar aluguéis

A primeira prévia do Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M) de maio subiu 0,89% após 0,5% em igual prévia de mesmo índice no mês passado. Utilizada para indexar contratos de aluguéis, a taxa anunciada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) trouxe embutida uma forte inflação no atacado: o IPA-M subiu 1,15%, mais que o dobro da alta da primeira prévia de abril, de 0,47%

O aumento de preço da soja e seus derivados explica mais da metade do aumento atacadista e, segundo o coordenador dos índices de inflação da FGV, Salomão Quadros, o comportamento desses produtos e o câmbio devem ditar o ritmo da inflação de maio.

"Os efeitos da quebra de safra no Sul do País e na Argentina foram sentidos em todo o mês passado. Maio já começou forte, quente. Não é normal uma correção de pressões agrícolas que dure tanto", diz Quadros, acrescentando que a outra metade do impacto no atacado pode ser explicada sobretudo pelo câmbio.

A valorização do dólar tem reflexo além do registrado nos produtos atrelados à cotação das commodities. Seu efeito ocorre também por tabela, como no caso da carne, como destaca o técnico da FGV. Buscando maiores retornos, os produtores destinam uma parte maior do estoque às exportações, o que eleva o preço no mercado interno.

Na primeira prévia de maio, a carne subiu 5,4%; em igual período de abril, a alta havia sido de 1,44%. "A subida, rápida demais, pode se dever ao efeito câmbio, que parece ter-se fixado em novo patamar. Antes, quando a volatilidade era maior, o sobe e desce da cotação não era incorporado aos preços. Agora, o câmbio subiu em torno de 15% para não voltar mais, ao que parece."

A alta dos preços de alimentos processados, cuja taxa passou de 1,33% para 2,16% entre a primeira prévia do IGP-M de abril e a primeira prévia de maio, e de materiais e componentes para a manufatura, que passou de 0,32% para 1,90% no mesmo período, foram duas das maiores contribuições para a aceleração da inflação no atacado (IPA, que passou de 0,47% para 1,15%) no período, informou a FGV.

A soja, que tem grande peso na cálculo, foi a maior influência positiva para a inflação no atacado, ao passar de 7,59% para 7,74%, sempre na mesma base de comparação. Já a inflação para o consumidor (IPC) e para a construção civil (INCC) desaceleraram. O IPC caiu para 0,29% no primeiro decêndio de maio, ante 0,47% no mesmo período de abril.

Juros. Para Salomão Quadros, o efeito cambial ainda deve se refletir nos preços por dois ou três meses, "mas será um movimento só, que vai se esgotar". Já a queda dos juros pode ter um efeito maior de aceleração inflacionária. "Se baixar de forma que não seja compatível, com o juro real abaixo da neutralidade, o impacto pode ser maior, porque nossa economia não tem uma folga (de capacidade). Um crescimento rápido leva a capacidade a bater no limite, e aí os preços disparam. Mas acredito que nada disso vá acontecer."

Ele não quis arriscar uma previsão para o IGP-M de maio, nem mesmo se ficará próximo ao 0,85% de abril. Explicou que a trajetória da inflação ainda está muito indefinida, especialmente por causa do comportamento dos preços da soja e derivados, que têm muito peso no atacado, mas não têm o mesmo efeito no varejo. Ou seja, o repasse deve ocorrer, mas sem o mesmo impacto.



Veículo: O Estado de S. Paulo


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