Estoque prejudica indústria

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Tem sido frustrante para a maioria do setor produtivo o efeito das medidas de estímulo ao consumo e à atividade anunciadas pelo governo em meio a um cenário de cautela produzido pela crise internacional. Setores industriais de mão de obra intensiva, como têxtil e de vestuário, moveleiro, calçadista, automobilístico e de máquinas, observam uma melhora tímida das condições de estoques altos ou novas encomendas, e continuam com "otimismo cauteloso" para a segunda metade deste ano.

Juro menor, dólar mais alto, desonerações da folha de pagamentos, redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), aumento das compras do governo e estímulo ao crédito são iniciativas que parecem estar longe de aumentar significativamente o ritmo nas indústrias.

Controversa desde seu lançamento, a desoneração da folha de pagamento por exemplo é apontada como uma boa folga tributária para as empresas de pequeno e médio portes, mas não favorece as grandes indústrias do setor calçadista e de vestuário, que passaram a terceirizar boa parte da produção para competir com a entrada massiva de produtos chineses mais baratos. Além disso, na prática a medida só entra em vigor em alguns setores a partir de agosto e impacta parcialmente os efeitos positivos para o terceiro trimestre.

O aumento da margem de preferência nas compras governamentais também foi bem recebida nas plantas do setor têxtil e de confecção, mas parece não ter sido suficiente para retomada de um ritmo mais acelerado no setor. "Ainda estamos administrando a demanda pela oferta de modo a esvaziar os estoques", diz o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção, Aguinaldo Diniz Filho. Em outras palavras, a indústria procura suprir a demanda com o produto que ainda está estocado antes de partir para retomada da produção.

Palpável - No setor moveleiro, a melhora foi um pouco mais palpável, em grande medida proporcionada pela queda do IPI. Segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Móveis, José Luiz Diaz Fernandez, os estoques estão diminuindo, embora não no ritmo desejado.

No setor automobilístico, o vice-presidente de Manufatura da General Motors América do Sul, José Eugênio Pinheiro, avalia que as medidas de incentivo ao setor automotivo anunciadas no final de maio foram suficientes para a redução de estoques das montadoras e ajudaram na retomada nos níveis de consumo do ano passado. "As montadoras conseguiram desovar os estoques e as fábricas voltaram aos planos de produção previstos anteriormente", disse o executivo.

Segundo ele, no entanto, ainda é muito cedo para avaliar se a produção total de veículos crescerá este ano, por conta das medidas, que incluíram a redução do IPI sobre o preço do veículo novo e do IOF para operações de financiamento. Pinheiro acredita ainda numa prorrogação do prazo final para as medidas de incentivo, em 31 de agosto.

Há, no entanto, setores que registraram piora das condições mesmo com as iniciativas do governo. O presidente da Abicalçados, Paulo Grinzs, diz que o ritmo da produção caiu 30% na passagem de abril para maio.



Veículo: Diário do Comércio - MG


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