Empresas beneficiadas por elevação do imposto de importação lideraram alta na bolsa, enquanto clientes do setor químico questionam medida
As empresas dos setores beneficiados pelo aumento do Imposto de Importação tiveram crescimento expressivo em valor de mercado ontem, um dia depois de o governo anunciar novas alíquotas para 100 produtos. Já o cenário para os setores dependentes de insumos é de preocupação pelo temor de um aumento no preço final dos produtos.
Ontem, o maior ganho em valor de mercado foi da Usiminas, de R$ 1,164 bilhão, segundo a Economática. A CSN teve aumento de R$ 1,137 bilhão, seguida da Braskem (R$ 396 milhões).
O presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), José Ricardo Roriz Coelho, diz que o aumento do imposto de importação poderá ter impacto negativo nos preços finais de vários produtos, incluindo aqueles que estão na cesta básica do brasileiro. Ele avalia que o aumento da alíquota de importação para resinas será um tiro no pé. Segundo Roriz Coelho, ao adotar essa medida, o governo também vai incentivar a importação de produtos acabados, em vez da matéria-prima. Além disso, pode ter efeitos devastadores na indústria de transformação, que vive um dos piores momentos. No primeiro semestre deste ano, a produção caiu 6,37% em relação a igual período de 201
Na avaliação do vice-presidente da área de polímeros da Braskem, Luciano Guidolin, o aumento da alíquota deve implicar em melhora nas vendas das empresas brasileiras e não em repasse de preços. "O objetivo da medida é aumentar a venda da indústria nacional e, inclusive, o próprio governo colocou que é essa a expectativa que ele tem."
Um dos produtos completados pelo aumento da alíquota do imposto foi o polietileno. Segundo a Guidolin, em 2006, foram importados 148 mil toneladas do produto. No ano passado, a compra aumentou para 780 mil toneladas. "Essa decisão visa a permitir que a indústria petroquímica nacional possa ter uma parcela maior no mercado brasileiro", afirma.
A inclusão de polietilenos (PE) na lista pegou de surpresa executivos da área de transformação plástica, que necessitam da resina para produzir peças plásticas acabadas. Apesar de estar em contato com o governo e de também ter indicado alguns produtos para a lista, o setor não esperava medidas que estimulassem uma área onde há monopólio no Brasil. "Precisamos tentar entender a razão dessa decisão e acompanhar de perto juntamente com o governo para que não haja nenhuma distorção no mercado", afirma o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Embalagens Plásticas Flexíveis (Abief), Alfredo Schmitt.
A declaração se baseia na afirmação do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que o governo vai monitorar os preços praticados no mercado doméstico. Uma eventual elevação de valores pode ser "punida" com a revogação da decisão de elevar o imposto de importação. "As entidades do setor precisarão cobrar a manutenção da política comercial que vinha sendo realizada", complementou Schmitt.
Do setor químico, foram enviados 33 pleitos, e 19 foram contemplados pela medida do governo. No primeiro semestre, segundo a Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), o déficit do setor foi de US$ 11,9 bilhões.
Automotivo. Um dos principais prejudicados pelos aumentos de alíquotas de importação, que atingiram insumos importantes como aço e pneus, o setor automotivo preferiu não se pronunciar oficialmente. Segundo uma fonte de uma grande montadora, dificilmente haverá uma "reação pesada" contra a medida, pois o setor foi beneficiado recentemente pelo aumento do IPI para carros importados. As montadoras, no entanto, diz a fonte, devem se manter vigilantes aos preços e prometem denunciar abusos ao governo.
Veículo: O Estado de S.Paulo