IPCA subiu 0,41% em agosto, a maior taxa para o mês desde 2007; taxa acumulada em 12 meses subiu para 5,24%, afastando-se do centro da meta
Os preços dos alimentos voltaram a pressionar a inflação em agosto. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,41%, a maior taxa para o mês desde 2007. A alta no tomate perdeu força, mas outros itens já refletem os aumentos das commodities no mercado internacional.
Apesar da forte pressão dos produtos alimentícios, o IBGE afirma que os serviços são os vilões no ano, puxados pelo aumento de renda. Como resultado, a inflação acumulada em 12 meses subiu para 5,24%, afastando-se do centro da meta estipulada pelo governo, de 4,5%.
"Eu vejo a inflação com a mesma cara do início do ano, que é mercado de trabalho e comida. E essas duas coisas se realimentam. Portanto, não há muito o que fazer", afirmou José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator.
O tomate voltou a ser o destaque, mas a alta parece estar perdendo fôlego. O quilo do fruto subiu 18,96% em agosto, após já ter aumentado 50,33% em julho. "Apesar de 18% ser uma taxa elevada, foi bem menor do que no mês anterior", avaliou Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE.
Entretanto, os preços de alimentação e bebidas não devem dar folga na próxima leitura do indicador, já que vários produtos refletem agora os aumentos nas commodities no mercado externo, como a soja, o trigo e o milho.
Seca. "A alta de alimentos é tanto por problema da seca no País quanto pela influência dos preços das commodities no mercado internacional, afetados pela seca em países como os EUA e Rússia", lembrou Eulina.
O choque de oferta de grãos deve continuar a pressionar a cotação das commodities no mercado internacional. "Foi uma perda de safra muito grande, então deve haver aumento de preços até o ano que vem", previu o economista-chefe da Tov Corretora, Pedro Paulo Silveira, que aposta ainda em reflexos na ração para animais e nos preços do etanol nos Estados Unidos.
Em julho, a alta das commodities apareceu em itens como o pão e o macarrão. "Agora, se intensificou, se espalhou. Tem reflexo em outros produtos, como as aves", acrescentou Eulina.
Os aumentos nos alimentos também puxaram aumentos em serviços como o lanche e a refeição fora de casa. Porém, a inflação de serviços desacelerou na passagem de julho para agosto, de 0,79% para 0,49%.
No ano, os serviços registram alta de 5,72%, contra uma taxa de 3,18% do IPCA. Entre os cinco principais impactos na inflação de 2012, quatro itens enquadram-se na categoria: empregado doméstico, refeição fora de casa, aluguel residencial e cursos regulares.
"Em agosto, contribuíram para a desaceleração da taxa de serviços as passagens aéreas e o aluguel residencial. Na direção oposta, ainda pesaram no bolso os empregados domésticos.
Veículo: O Estado de S.Paulo