De todas as classes sociais brasileiras, a única que gasta mais do que ganha é a C. Em estudo sobre consumo realizado pela consultoria Kantar Worldpanel, o segmento aparece com déficit de 2% na relação entre renda e gasto. Tanto a classe AB quanto a DE ficaram com saldo positivo nesta análise, de 1% e 4% respectivamente. "Praticamente todo mundo está gastando o que ganha, porque esses 4% da classe DE significam muito pouco", avalia a diretora comercial da consultoria no Brasil, Christine Pereira.
Segundo Christine, a classe C representa 41% da população brasileira, e seu endividamento colabora para a recente desaceleração do consumo. A Kantar Worldpanel considera para o estudo que a classe C ganha em média R$ 2.027,70 (renda familiar) e gasta R$ 2.060,12. Nos últimos dois anos, o segmento reduziu o número de visitas mensais a pontos de venda de varejo de 13 para 11 visitas.
Despesas como educação e vestuário respondem por 38% dos gastos da classe C. Na sequência, aparecem despesas fixas, como habitação, transporte e serviços públicos (33%), seguida por uma cesta de bens não duráveis (28%).
Enforcados – A classe C reforça o grupo de 52% das famílias que gasta mais do que ganha. Dentro do número dos que gastam mais do que ganham, 27% estão "enforcados" e 25% se mantêm relativamente equilibrados – gastando pouco a mais do que recebem, conforme o estudo. Em 2008, o percentual de famílias que estavam com gastos acima da renda era de 49%.
A expectativa da diretora da Kantar Worldpanel é de que a quantidade de pessoas que gastam além da renda continue acima dos 50% até o final do ano. "Há uma sofisticação do consumo do brasileiro, que está incorporando novas despesas à sua vida. À medida que houver emprego e renda, o consumo vai continuar a crescer", afirma.
Outra análise feita pela instituição mostra que 72% das famílias tem intenção de poupar. O número de pessoas que pensa em economizar dinheiro mais que dobrou desde 2008, quando o percentual era de 29%. Em relação à América Latina, o País também sai na frente na intenção de poupar, pois 63% do bloco afirmou que pretende economizar.
Metade dos brasileiros que responderam que querem poupar afirmaram que gostariam de economizar 10% da renda. Em primeiro lugar na intenção de investir, aparece a reserva para o futuro. Na sequência, vêm reformas e melhorias na casa e a compra da casa própria.
O levantamento foi realizado em 8,2 mil domicílios das regiões metropolitanas de São Paulo e do Rio de Janeiro e monitorou o comportamento de 27,5 mil consumidores. O resultado divulgado ontem compila informações do ano passado.
Veículo: Diário do Comércio - SP