BC reduz juro para 7,25%, mas racha na decisão indica fim do ciclo de cortes

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Por 5 votos a 3, Copom baixa Selic em 0,25 ponto porcentual; comunicado fala em convergência da inflação para a meta de forma 'não linear'


O Banco Central reduziu ontem o ritmo de corte dos juros, que passaram de 7,50% para 7,25% ao ano, e indicou que não deve mexer novamente na taxa básica por um período "suficientemente prolongado" para garantir a queda da inflação. Pela primeira vez, desde março, a decisão não foi unânime.

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, e outros quatro diretores votaram pela queda da taxa. Houve, no entanto, três votos pela manutenção dos juros, um sinal que reforçou as apostas de que o ciclo de queda da Selic iniciado em agosto de 2011, quando a taxa estava em 12,5%, terminou. Votaram pela manutenção os diretores Carlos Hamilton (Política Econômica), Anthero Meirelles (Fiscalização) e Sidnei Corrêa Marques (Organização do Sistema Financeiro). É a primeira vez em que há votos divergentes desde que se passou a divulgar o voto de cada diretor, em maio, seguindo a lei de acesso à informação.

No comunicado sobre a decisão, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC diz que "a estabilidade das condições monetárias por um período de tempo suficientemente prolongado é a estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação para a meta, ainda que de forma não linear". O Banco Central citou ainda os riscos para a inflação, a recuperação da atividade doméstica e a complexidade que envolve o ambiente internacional como fatores para a decisão.

Desde agosto do ano passado, foram dez cortes de juros. O de ontem foi o menor, de apenas 0,25 ponto porcentual. Em agosto, na reunião anterior do Copom, os juros caíram 0,50 ponto. Na época, no entanto, o BC disse que se houvesse espaço para mais um corte ele se daria "com máxima parcimônia". Desta vez, essa expressão não aparece no comunicado.

Placar. Para a maioria dos analistas, a falta de unanimidade é outro indicativo de que o ciclo de cortes de juros acabou. Em março, a decisão do Copom não foi unânime, mas a divisão se deu por conta do tamanho do corte, diferente do que aconteceu ontem. A próxima reunião do Copom está marcada para os dias 27 e 28 de novembro. Será o último encontro de 2012.

A maioria dos economistas espera agora que os juros voltem a subir no fim de 2013, por conta da inflação e da retomada da atividade. As previsões do mercado para o índice oficial de preços para 2012 e 2013 estão próximas de 5,5%, acima do centro da meta de 4,5%, mas dentro do intervalo de tolerância que é de até 6,5%. A projeção do BC e do mercado para o crescimento neste ano é de 1,6%, patamar que o Ministério da Fazenda já classificou como "piada". Para 2013, os economistas projetam uma expansão de 4%, e o governo, de 4,5%.

Medíocre. O mercado financeiro estava dividido em relação à decisão de ontem. Muitos acreditavam que os juros ficariam estáveis. A aposta de corte ganhou força na semana passada, quando o diretor de Assuntos Internacionais do BC, Luiz Awazu Pereira, destacou a persistência de um crescimento "medíocre" na economia mundial, "por um período mais prolongado do que originalmente se antecipava".



Veículo: O Estado de S.Paulo


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