Mesmo com a desaceleração da economia, o mercado de trabalho se manteve aquecido neste ano, tanto é que a injeção do 13º salário em 2012 vai ser 18% maior do que foi o ano passado, ao passar de R$ 118,596 bilhões para R$ 139,950 bilhões, mostrou relatório da Austin Rating.
De acordo com Felipe Queiroz, economista da agência de risco, houve aumento da injeção por conta do crescimento das vagas formais e pelo avanço da massa salarial. "Esperamos 58,279 milhões de trabalhadores com carteira assinada em 2012 - contra 56,308 bilhões em 2011. E que a massa salarial suba para R$ 108,464 bilhões - ante R$ 94,786 bilhões do ano passado", diz. "Isso deve fazer com aumente a demanda agregada da economia como um todo e resulte em um cenário mais favorável para o comércio varejista. Projetamos expansão de 9% neste ano para o setor", acrescentou Queiroz. Em 2011, o comércio varejista apresentou incremento de 6,7%.
A primeira parcela da gratificação deve ser paga pelos empregadores até 30 de novembro e corresponde a no mínimo 50% do valor do salário-base. Já a segunda parcela deve ser paga até a data de 20 de dezembro, porém com a incidência de impostos.
Segundo o relatório da Austin, do total de R$ 139,9 bilhões, 22,5%, ou o equivalente a R$ 31,4 bilhões, serão pagos aos beneficiários do INSS. Outros R$ 108 bilhões (77,5% do total) serão recebidos pelos empregados formalizados, incluindo os domésticos.
Aproximadamente 92 milhões de brasileiros que deverão receber o 13º salário, perto de 34,3 milhões (37,1% do total), são aposentados ou pensionistas do INSS. O número de pessoas que receberão o 13º salário em 2012 é cerca de 8% superior ao registrado ao de 2011. Os empregados formais (58,2 milhões de pessoas) correspondem a 62,9% do total. Os empregados domésticos com carteira de trabalho assinada somam 1,9 milhões, o equivalente a 2,1% desse conjunto.
Retomada
O economista da agência de risco comentou que as medidas adotadas pelo governo ao longo de 2012 para conter a desaceleração da economia brasileira, prejudicada pela crise internacional, ajudaram a manter a demanda aquecida, o que confirma a expectativa do mercado em geral de que o segundo semestre vai apresentar taxas de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) melhores do que o primeiro período.
A Austin projeta que o terceiro trimestre vai mostrar expansão de 2% comparada à mesma registrada de julho a setembro de 2011. Com relação ao último trimestre, a agência aguarda alta de 3,45% na mesma base de comparação. Esses aumentos, se confirmados, serão maiores do os observados no primeiro e no segundo trimestres, de 0,8% e 0,5%, respectivamente, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
"É importante ressaltar que as expansões nos últimos meses deste ano são por conta dos efeitos das medidas adotadas pelo governo, como a redução da taxa de juros [Selic] e estímulos a determinados setores [queda da alíquota de IPI para o setor automotivo, por exemplo]. Foi dada uma injeção de liquidez na economia em 2012", aponta Queiroz.
Questionado pelo DCI se há um risco de superaquecimento da economia no início do ano que vem, em virtude dessa "injeção de liquidez", o economista da Austin afirma que essa hipótese "não é vislumbrada". "Acreditamos que o cenário internacional segue com viés desinflacionário e, no âmbito doméstico, a indústria está ociosa, o Nível de Utilização da Capacidade Instalada da Indústria (Nuci) está estável e alto [80,9% pelos dados de agosto], o que não deve gerar pressão mesmo com mais demanda", entende Queiroz.
A previsão da Austin é de que a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) termine em 5,3% neste ano e 4,9% em 2013, mais próxima do centro da meta, de 4,5%.
Veículo: DCI