Região Nordeste cresce mais que País no segundo trimestre

Leia em 3min 40s

Na contramão do País, a Região Nordeste cresceu 1,2% no trimestre encerrado em agosto. Segundo o Boletim Regional, divulgado ontem pelo Banco Central, a economia brasileira teve alta de 0,4% no mesmo período. A justificativa da autoridade monetária para essa pequena variação é um "reflexo da robustez da demanda doméstica, haja vista a contribuição negativa do setor externo", explicou o documento.

O Boletim do Banco Central atribuiu essa alta regional ao varejo nordestino que apreciou 2,6% no período. Segundo o professor da Universidade Anhembi Morumbi, Marcello Gonella, "o nordeste vem sendo beneficiado por conta do aumento da demanda e aumento do crédito, é uma região onde a demanda tem muito espaço para crescer tanto pessoa física quanto jurídica", disse.

Destacaram-se, no trimestre, as elevações nas vendas de livros, jornais, revistas e papelaria, 23,2%, e de outros artigos de uso pessoal e doméstico, 8,9%. Segundo o documento, o Índice de Atividade Econômica Regional - Nordeste (IBCR - NE) registrou 2,9% acumulados em 12 meses até agosto, e 3,1% nos oito primeiros meses do ano, relativamente a igual período do ano anterior.

Considerados períodos de doze meses, o comércio varejista cresceu 7,8% em agosto, em relação a igual período de 2011, ante 7,5% em maio. A produção industrial da região cresceu 1% no trimestre finalizado em agosto, em relação ao encerrado em maio, quando aumentara 0,9%.

Um outro ponto destacado pelo professor Gonella foi que o nordeste "vem sendo beneficiado tanto pelas obras do PAC [Programa de Aceleração do Crescimento] quanto pelos governos regionais, essas obras de infraestrutura demandam contingente bastante grande de pessoas, e geram um aumento da massa salarial".

A Região Norte, teve expansão de 0,7% no período o que pode ser considerado uma melhora se comparado ao recuo de 0,5% no trimestre encerrado em maio, segundo série desazonalizada do Índice de Atividade Econômica Regional - Norte (IBCR-N).

Para o professor da Anhembi Morumbi, apesar da Região Norte também necessitar de investimentos, ainda não vemos o mesmo fenômeno que ocorre no nordeste. "A Região Norte é tão pobre quanto a Nordeste mas há uma grande dificuldade logística e de infraestrutura e é difícil enxergar um futuro de crescimento".

A economia da Região Centro-Oeste manteve ritmo de crescimento moderado no trimestre encerrado em agosto. A produção industrial recuou e a agrícola cresceu, assim como as vendas do comércio. O IBCR-CO atingiu 0,4% em agosto, em relação ao trimestre encerrado em maio, quando registrou um crescimento de 0,6%.

O sudeste apresentou ligeira aceleração do ritmo de crescimento no trimestre encerrado em agosto, desempenho favorecido pela expansão da atividade varejista e da agrícola, bem como pela interrupção da tendência declinante da atividade industrial observada no período recente. Nesse cenário, o IBCR-SE variou 1% no período. A economia da Região Sul no trimestre encerrado em agosto evidenciou a manutenção do dinamismo dos mercados de trabalho e de crédito. Nesse cenário, o IBCR-S registrou crescimento de 4,2%.

Política econômica

Durante a divulgação do Boletim Regional, em Recife, o diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Hamilton, disse que a autoridade monetária trabalha com um cenário de cumprimento da meta fiscal em 2012 e 2013. Porém, o diretor admite que para isso ocorrer neste ano deverá ser feito um ajuste das contas públicas.

Para 2013 Hamilton afirmou que a meta de superávit primário, de 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB), será atingida sem a necessidade de ajustes. Sobre a economia internacional, o diretor disse que o BC vê menos riscos de ocorrências de eventos extremos em decorrência de medidas adotadas pelos bancos centrais americano e europeu.

Sobre a inflação, o representante do Banco Central disse acreditar que a taxa deverá convergir para o centro da meta, de 4,5%, em 2013. Ele ressaltou que nos últimos oito anos a autoridade monetária entregou a inflação na meta e reforçou a importância do regime de metas inflacionárias, adotado no Brasil em 2009. "Neste período, o regime de metas foi submetido a testes de estresses e foi aprovado com louvor", colocou.

O diretor também projetou que as operações de crédito deverão encerrar o ano com um crescimento de 16% . Segundo ele, o crédito tem avançado a taxas superiores ao Produto Interno Bruto (PIB) nominal e que continua com espaço para se manter como alavanca do crescimento. Segundo o professor Gonella, o fato do crescimento estar ancorado ao crédito já vem gerando problemas devido à alta taxa de inadimplência e comprometimento da renda das famílias.



Veículo: DCI


Veja também

Varejo se recupera e cresce 2,3% em outubro

O movimento de consumidores nas lojas do país cresceu 2,3% em outubro sobre o mês anterior, revertendo a qu...

Veja mais
Indústria tem queda generalizada no país

Afetada por estoques elevados, produção recua em 12 das 14 regiões pesquisadas pelo IBGE em setembr...

Veja mais
Para analistas, pressão sobre preços agrícolas no varejo vai diminuir

Ao avançar de 1,26% para 1,36% entre setembro e outubro, o grupo alimentação e bebidas foi a princi...

Veja mais
Preços dos alimentos caem no atacado e sobem no varejo

A discrepância entre os índices de preços do atacado e do varejo foram visíveis no mês ...

Veja mais
Concessão de crédito mais criteriosa

Os comerciantes estão mais cautelosos diante da alta da inadimplência do consumidor e os critérios n...

Veja mais
Calote aumenta 7,4% em outubro

Taxas de maus pagadores também cresceram 4,74% frente a igual período do ano passado, segundo o SPC e a CN...

Veja mais
Brasileiro está otimista e planeja compras

A maioria da população, entre 18 e 65 anos, está otimista e planeja as próximas compras. A p...

Veja mais
Comércio entre Brasil e China pode sair dos itens básicos

A relação comercial do Brasil com a China pode ir muito além das vendas de commodities. Segundo esp...

Veja mais
Alimentação puxa inflação dos paulistanos no mês de outubro

Os preços de Alimentação exerceram a maior pressão sobre os gastos dos consumidores da capit...

Veja mais