Preços dos alimentos caem no atacado e sobem no varejo

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A discrepância entre os índices de preços do atacado e do varejo foram visíveis no mês de outubro. Segundo dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou taxa de 0,59% no mês. Por outro lado, o Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI), divulgado também ontem pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) registrou queda de 0,68% no mesmo período.

Para especialistas consultados pelo DCI o principal responsável pela alta e pela baixa foi o preço dos alimentos que caíram no atacado mas ainda não no varejo. Segundo Salomão Quadros, coordenador dos Índices Gerais de Preços do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Ibre), a passagem da queda para o consumidor deve ocorrer em breve. "O IPCA ainda não incorporou essas desacelerações, em novembro tudo indica que haverá um recuo importante", disse.

Sobre o IGP-DI o especialista chama a atenção para a queda do preço da soja que chegou a 8,09% no último mês. "Nos últimos meses a soja tinha sido o principal fato de aceleração do índice e agora caiu de preço, o peso que ela tem no índice teve uma influencia decisiva", disse. Os três componentes do IGP-DI também tiveram queda, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) registrou variação de negativa 0,68%, ante 1,11% no mês anterior. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) registrou 0,48% ante 0,54%, em setembro e o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) teve variação de 0,21%, ante 0,22%.

O grupo alimentos subiu 1,36% no IPCA, e estes produtos foram responsáveis por 54% do resultado do mês, com impacto de 0,32 ponto percentual.

Segundo Eulina Nunes, coordenadora dos Índices de Preços do IBGE, esta alta do grupo foi provocada por tipos de alimentos que tem baixa oferta. "Os preços aumentaram muito nesses últimos meses, especialmente no segundo semestre do ano e em outubro houve grande destaque para o arroz, produto importante na mesa do brasileiro, que aumentou quase 10% seguido das carnes que também ficou bem mais caro", completou.

A coordenadora também chama a atenção para o fato de que "não foram só os alimentos que ficaram mais caros nesse mês de outubro, outros grupos de produtos importantes também aumentaram, especialmente o transporte que é o segundo grupo mais importante na renda das famílias, passou de um resultado negativo para um resultado positivo de 0,24% em função de aumentos de preços na gasolina".

Os dados do IBGE indicam que o litro da gasolina aumentou 0,75% em outubro, ante uma queda de 0,13% em setembro. Os grupos habitação despesas pessoais tiveram quedas no período e passaram, respectivamente, de 0,71% para 0,38% e de 0,73% para 0,10%. Eulina coloca que despesas com energia e condomínio caíram no mês passado.

O acumulado do ano até outubro registra 4,38%, abaixo dos 5,43% do mesmo período de 2011. Considerando os últimos 12 meses, o índice situou-se em 5,45%, acima dos 5,28% relativos aos 12 meses imediatamente anteriores.

Previsões

Segundo análise feita pela agência de risco Austin Rating, "o resultado do IPCA acumulado até outubro já representa 87,4% da meta central de 4,5% e, considerando o teto de 6,5%, já consumiu 67,4% do total. Para que o IPCA de 2012 fique dentro da meta central é necessário que a média mensal do indicador no último bimestre do ano seja no máximo de 0,05%". As estimativas da agência para a média do último bimestre é bastante superior, de 0,5%.

Para o IGP-DI Quadros não espera um novo índice negativo nos próximos dois meses pois "essa deflação está muito centrada na queda da soja, eu acho que ela já se ajustou um pouco, esse movimento forte de queda do preço da soja já deve estar se esgotando".



Veículo: DCI


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