Dois indicadores de custo de vida divulgados ontem, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) e o custo da cesta básica pesquisado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), mostram o estrago que a alta dos preços dos alimentos provocou na inflação de outubro. Segundo economistas, a perspectiva é que a pressão dos alimentos não se repita este mês.
O IPC da Fipe, que mede a inflação na cidade de São Paulo, subiu 0,8% no mês passado, depois de uma alta de 0,55% em setembro. O resultado de outubro foi a maior variação mensal desde janeiro de 2011, que havia sido de 1,15%. "Foi uma inflação bem salgada", observa o coordenador do IPC da Fipe, Rafael da Costa Lima.
Mais da metade da inflação do mês passado (57,84%) foi provocada pela alta dos alimentos, cujos preços subiram 2,04% em outubro. Diante desse resultado, Costa Lima elevou de 4,8% para 5% a projeção do IPC da Fipe para este ano.
Os custos da cesta básica confirmam o acirramento da inflação em outubro, puxada pelos alimentos. De acordo com a pesquisa do Dieese, o preço da cesta básica subiu em outubro em nove das 17 capitais pesquisadas na comparação com setembro. São Paulo voltou ao topo do ranking das cestas mais caras (R$ 311,55). As altas mais expressivas ocorreram no Recife (4,49%), Manaus (3,61%) e Fortaleza (2,54%).
O preço do arroz subiu em todas as capitais, seguido pelo óleo de soja que teve aumento em 16 praças pesquisadas e o leite foi reajustado em 14 delas. O produto de maior peso na cesta, a carne bovina, fechou outubro com alta em 13 capitais, com destaque para Curitiba (5,67%), Recife (5,39%) e São Paulo (4,34%). O pão ficou mais caro em 13 praças e o feijão subiu em oito capitais.
"Esses resultados refletem o choque na oferta de alimentos ocorrido no começo do segundo semestre nos preços do atacado", afirma o economista da Tendências Consultoria Thiago Curado.
"O que se vê hoje nos preços das carnes é reflexo da seca nos Estados Unidos sobre as cotações dos grãos", acrescenta o economista-chefe da SulAmérica, Newton Rosa. Tanto Curado como Rosa acreditam que o impacto mais intenso da alta dos alimentos deve ficar restrito a outubro e perder força em novembro e dezembro quando fatores, como gastos com educação e reajuste de tarifas de transporte, poderão pressionar a inflação.
Veículo: O Estado de S.Paulo